culturas “A Aliança de Civilizações é uma necessidade e um desafio”
Viena, Áustria, 4/3/2013 – A Aliança de Civilizações das Nações Unidas (Unaoc), em seu V Fórum Mundial, realizado na semana passada em Viena, capital da Áustria, renovou seu compromisso com o entendimento e o diálogo entre culturas. No encontro, realizado dias 27 e 28 de fevereiro, também foram abordados os desafios e as ameaças atuais ao pluralismo e à diversidade em um mundo com crescentes níveis de intolerância e extremismo. O novo alto representante da Unaoc, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, conversou com a IPS ao fim da conferência sobre seus objetivos para os próximos cinco anos. 
IPS: No Fórum o senhor destacou quais devem ser os principais objetivos da Aliança. Acredita que sob sua liderança a Unaoc possa alcançar uma mudança real, concreta e significativa? 
Nassir Abdulaziz Al-Nasser: Meu papel como alto representante é muito desafiador. Embora no passado já tenha ocupado vários postos importantes, este é particularmente crucial. Meu antecessor, Jorge Sampaio (presidente de Portugal entre 1996 e 2006) fez um grande trabalho. Contudo, como disse durante o Fórum, quero atualizar o trabalho que a Aliança fez até agora e tenho minhas próprias boas ideias. De todo modo, no final das contas, temos de convencer os Estados, a sociedade civil, os acadêmicos, o setor privado e as organizações internacionais, para que seja possível implantar de forma coletiva o que foi acordado aqui em Viena e nos fóruns anteriores.
IPS: Muitos dos principais meios de comunicação não informaram sobre o Fórum. Isso é um sinal de que não se interessam pelos ideais da Aliança? E se é assim, esta tem de encontrar outra forma de fazer chegar sua mensagem?
Nassir “A Aliança de Civilizações é uma necessidade e um desafio”
Nassir Abdulaziz Al-Nasser, alto representante da Aliança de Civilizações das Nações Unidas. Foto: www.un.org
NAAN: A mídia é muito importante para a Aliança. Este um dos principais temas nos quais estamos focados. Meios de comunicação de alguns países cobriram muito bem a conferência. Cheguei do Catar e vi jornais que tinham ampla cobertura do Fórum. Todos os discursos feitos aqui, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do presidente da Áustria, Heinz Fischer, o meu e dos outros altos representantes, deixaram claro que o papel da Aliança se expande, não diminui.
IPS: No Fórum se falou muito sobre a importância da educação para lutar contra os preconceitos, especialmente na educação das crianças em idade escolar. A Unaoc trabalha com governos nacionais em planos de estudo para promover seus ideais entre as crianças?
NAAN: A Aliança trabalhará muito ligada à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Há muitas iniciativas no mundo sobre isto, como a lançada em setembro do ano passado pelo secretário-geral da ONU, chamada Educação Primeiro, e outras. O ensino é um dos pilares no trabalho da Aliança, e trabalharemos muito duro com todas as agências da ONU em níveis nacional, regional e sub-regional.
IPS: Um tema importante no Fórum foi a intolerância e o extremismo religioso, e como estes fenômenos são, em geral, atribuídos ao Islã, quando, na realidade, também existem no Cristianismo e em outras religiões. Que papel tem a Aliança na correção destas falsas percepções?
NAAN: A Aliança está aqui para servir a comunidade internacional, não apenas a um país ou uma religião, e defendemos o conceito de “uma humanidade, diferentes culturas”. Darei o melhor de mim para promover o diálogo e a cultura de paz, e tentarei envolver a sociedade civil, porque muitas dessas organizações são religiosas e, na verdade, podemos ouvi-las e ver como criar uma cultura de paz e unir os povos por meio do diálogo, gerando harmonia em lugar de divisão, reduzindo a intolerância e o ódio. Meu trabalho será muito desafiador e farei o melhor que puder para implantar o que já foi acordado em fóruns anteriores e neste. Envolverde/IPS