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segunda-feira, 18 de março de 2013


As guerreiras do sertão

Liliana Peixinho, especial para o Mercado Ético

Fotos: Liliana Peixinho
Hoje (8), em um programa de TV, escritora Fernanda Young disse que “a mulher não dorme, ela dá um tempo”. E ousou acrescentando ainda que “a mulher moderna é aquela se permite ser um pouco relapsa”.
Depois de 63 dias dirigindo sertão adentro, vi de perto mulheres que não se dão o direito de serem relapsas. Como se dar a esse luxo sem que, para isso, tenham que fazer de conta que não vêem, sentem nem ouvem as necessidades de seus filhos? Como ser relapsa vendo o companheiro desempregado, o rio seco, a plantação morta e os bichos caindo de fome? Geralmente dependem delas uma família inteira, numerosa. Precisam dar de comer e vestir, cuidar da saúde dos seus em ambientes de muita carência.
Vi mulheres em filas – avós, mães, filhas, netas, sobrinhas -, com latas na cabeça, andando léguas, debaixo de um sol escaldante, à procura de água. Ou com bacias cheias de roupas, procurando um poço para lavá-las. Vi mulheres andando nas estradas, quilômetros e quilômetros, para comprar e carregar suas feiras com feijão, farinha, arroz, e comida que se plantava na roça, mas que agora, por causa da seca, não produz mais.
Mesmo diante de cenários desafiadores, as mulheres resistem ao flagelo da seca. Elas criam, transformam, improvisam, inventam, tentam, conseguem e enfrentam as dores perdas e dificuldades. A capacidade de trabalho da nordestina chega a indignar de tanta abnegação. Depois de tanto correr, lutar, desafiar, entregar-se inteira na criação de filhos, sobrinhos, netos e vizinhos, a guerreira ainda não se permite dizer não.

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