Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sábado, 23 de março de 2013


MULHERES, A BORDO!

EM TODOS OS CASOS SÃO FAVORÁVEIS OS ÍNDICES DE DESEMPENHO VERIFICADOS PARA AS EMPRESAS QUE MANTÊM MULHERES EM SEUS CONSELHOS

MÔNICA CARVALHO:
ECONOMISTA E MESTRE
EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
Sobreviventes: assim foram definidas pelo Professor Boris Groysberg, da escola de negócios da Universidade de Harvard, as mulheres que conseguem ascender e permanecer em conselhos de administração de empresas em todo o mundo. A pesquisa que o professor Groysberg atualmente conduz trás uma análise abrangente da composição de conselhos de administração, bem como uma série de estudos de caso que abordam a participação de mulheres nos conselhos nos níveis do indivíduo, da organização, e no nível dos países. Ele estuda catalisadores de desempenho individual e organizacional, incorporando no escopo da pesquisa considerações sobre as questões de gênero. O que surpreende, não apenas na pesquisa do Prof. Groysberg mas também em outras similares, é que as explicações apontadas para a parca participação feminina em conselhos de administração em todo o globo parecem ir contra o “bom senso” em termos econômicos e financeiros.

A recente pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisas do banco Crédit Suisse sobre uma amostra de 2400 empresas que compõem o índice MSCI World, e com dados representativos de 24 países desenvolvidos, aponta claras diferenças de desempenho entre empresas que não têm mulheres nos seus conselhos quando comparadas com as que têm pelo menos uma mulher. Tais diferenças foram comprovadas em termos de retorno sobre o capital, endividamento, razão entre valor de mercado e valor contábil e crescimento dos lucros, em todos os casos sendo favoráveis os números verificados para as empresas que mantém mulheres em seus conselhos.

No caso da pesquisa do Prof. Groysberg, que abrange mais de mil executivos em 58 países, fica claro que o problema da baixa presença feminina nos conselhos não passa pela qualificação (ao contrário, as considerações sobre currículos apontaram uma vasta vantagem a favor das mulheres) nem disponibilidade (o número de conselheiros é pequeno em razão da população qualificada). Mas homens e mulheres apontam razões bastante distintas para o problema: segundo eles, há falta de mulheres qualificadas. Segundo elas, a formação de conselhos segue escolhas formuladas a partir de redes de relacionamentos masculinas, tradicionalmente “fechadas em si mesmas”.

Trazendo a questão para o nível dos países, o professor aponta que há métodos diversos para tratar a questão. O caso mais radical é o da Noruega, que em 2003 estabeleceu uma quota de 40% de participação feminina nos conselhos; há também as táticas de constrangimento, como na Finlândia, que exige que as empresas sem mulheres em seus conselhos divulguem as suas razões em seus relatórios anuais; no caso dos Estados Unidos, não há indicações formais a respeito. No Brasil, há um projeto de lei em curso, à la Noruega, que deverá (se convertido em lei) determinar ações afirmativas inicialmente para sociedades de economia mista e empresas públicas. O que fica claro, segundo o Prof. Groysberg, é que a diversidade pode ser medida em proporções, mas a verdadeira inclusão baseia-se em evidenciar o resultado da participação feminina; ou seja, há que se ressaltarem os estudos que apontam os claros benefícios experimentados por conselhos mais equilibrados. O bolso do acionista, com certeza, agradece.
--------  
* Mônica Carvalho é economista, mestre em negócios internacionais pela Universidade de Sophia, em Tóquio. Trabalha no mercado financeiro há quase 20 anos, tendo transitado por bancos de investimento no Brasil e na Ásia (Japão e China), onde viveu por dez anos. É professora associada da Fundação Dom Cabral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário