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sábado, 9 de março de 2013


O desejo político de ser representada por mais mulheres

Série especial dedicada ao Dia da Mulher e à campanha #WomenWishes, promovida por todas as Marie Claire do mundo

DILMA ROUSSEFF EM UMA REUNIÃO MINISTERIAL REPLETA DE HOMENS (Foto: AFP/Stringer)
DILMA ROUSSEFF EM UMA REUNIÃO
MINISTERIAL REPLETA DE HOMENS
(Foto: AFP/Stringer)
A eleição da presidente Dilma Rousseff, primeira mulher a governar o Brasil pode mascarar o problema. Mas ele existe e é grave. As mulheres brasileiras raramente conseguem votar em representantes femininas. Há poucas candidatas. E, as que existem, recebem de seus partidos um orçamento minguado para a campanha.
UM PROBLEMA ANCESTRAL
Desde a Grécia Antiga, a política sempre foi vista como um espaço masculino. O filósofo Aristóteles descrevia a mulher como um ser doméstico, movido por paixões e não por racionalidade e que, portanto, deveria ser governado pelos homens. Visões semelhantes perduraram como regra até o século 20. Apenas em 1934 as brasileiras, fossem elas casadas ou solteiras, puderam votar. Há menos de 80 anos, portanto, as mulheres têm o direito de expressar suas escolhas politicamente.
Considerando que as mulheres são maioria tanto na população nacional quanto no eleitorado, seria de se esperar que elas ocupassem ao menos metade dos postos entre prefeitos e governadores, para não mencionar o Congresso, câmaras e assembléias legislativas. Desde 1997, uma lei determina que, no mínimo, 30% dos candidatos lançados por qualquer partido sejam mulheres. Nem isso foi suficiente. Nas eleições municipais do ano passado - 15 anos depois da aprovação da lei - foi a primeira vez que esse percentual foi efetivamente cumprido.
Os partidos argumentam que não há quadros femininos em número suficiente para cumprir a lei. Na falta de candidatas reais, dão legenda para “laranjas”, candidaturas fake – a dona da padaria, a mulher do “companheiro”, a “tia” da perua escolar - que servem apenas para fazer número. Isso explica, em parte, porque apenas 14% das mulheres que se candidataram nas últimas eleições conseguiram se eleger.
MARINA SILVA ESTÁ ENTRE OS OUTROS POUCOS NOMES FEMININOS DE DESTAQUE NA POLÍTICA BRASILEIRA (Foto: Buda Mendes/STF)
MARINA SILVA ESTÁ ENTRE OS OUTROS POUCOS NOMES FEMININOS
DE DESTAQUE NA POLÍTICA BRASILEIRA (Foto: Buda Mendes/STF
PINDAÍBA ELEITORAL
Mas a principal explicação para a dificuldade das mulheres em ocupar cargos pelo voto não está propriamente nas urnas. Está na conta bancária. Nas eleições do ano passado, todos os postulantes às prefeituras e Câmara Municipais arrecadaram R$ 904 milhões para campanha. Mas apenas R$ 96 milhões – o equivalente a 10,7% do total - destinaram-se às mulheres. A matemática da desigualdade de gêneros é clara: se elas são 30% dos candidatos, mas recebem apenas 10% da verba para campanha, como poderão ser competitivas?
A divisão desigual é motivada por diversos fatores culturais. Das 31 legendas existentes no país, apenas é presidida por mulheres – o recém-nascido Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, criado depois que a ex-ministra do meio ambiente teve suas intenções solapadas pelo presidente do Partido Verde, José Luiz Penna, há mais de uma década no posto. Marina é a exceção que confirma a regra: a dinâmica partidária obedece a uma hierarquia estritamente masculina. Quando decidem se lançar sozinhas à captação de recursos, as mulheres precisam bater à porta de empresários. Novamente vai se deparar com uma maioria masculina. Como já declarou a deputada federal e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, “é evidente que os empresários preferem investir em candidatos homens”.
NOSSA AÇÃO É MUNDIAL E ENVOLVE TODOS OS TÍTULOS DE MARIE CLAIRE (Foto: Divulgação)
NOSSA AÇÃO É MUNDIAL E ENVOLVE
TODOS OS TÍTULOS DE MARIE CLAIRE
(Foto: Divulgação)
VANTAGENS FEMININAS
Se a dinâmica da sociedade fosse mais pragmática e menos preconceituosa, talvez mais pessoas levassem a sério um interessante e polêmico estudo do Banco Mundial, de 1999, que, sem meias palavras, concluiu que as mulheres são mais honestas a frente de cargos públicos do que os homens. Ao cruzar o porcentual de mulheres no Parlamento com o índice de corrupção de cada país, o estudo revelou que, quanto maior a quantidade de mulheres nas cadeiras legislativas, menor a quantidade de corrupção. "Isso sugere que elas tendem menos a sacrificar o bem comum em favor de seu ganho pessoal", afirmam os pesquisadores no relatório da pesquisa. Outro estudo, publicado pelo Journal of Development Economics, em 2001, corroborou os achados do Banco Mundial: as mulheres são menos propensas a perdoar a corrupção. Nos negócios, elas dão menos propinas que os homens.
É evidente que não só as mulheres ganham quando mais mulheres entram para a política. A tarefa da política é ser mais inclusiva. E a das mulheres, de convencer a sociedade toda de que são boas representantes.

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