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terça-feira, 12 de março de 2013


“Precisamos de mais mulheres nas comédias”, diz Marta Kauffman

Co-autora do seriado "Friends" e uma das mais celebradas roteiristas de Hollywood fala com exclusividade à Marie Claire sobre suas inspirações e sobre a importância do humor nas relações: "Eu acredito que há graça em tudo. Mesmo quando as pessoas estão na pior, elas fazem piadas sobre si"

MARTA KAUFFMAN, CO-AUTORA DE "FRIENDS" E UMA DAS ROTEIRISTAS MAIS CELEBRADAS POR HOLLYWOOD (Foto: Divulgação)MARTA KAUFFMAN, CO-AUTORA DE "FRIENDS" E UMA DAS ROTEIRISTAS MAIS CELEBRADAS POR HOLLYWOOD (Foto: Divulgação)


Há quase 20 anos, você, seus amigos e sua família tem dado muitas risadas das piadas de Marta Kauffman. E não é preciso fazer nenhuma pesquisa para provar esta afirmação. É que são de autoria de Marta, norte-americana, nascida na Filadélfia, os diálogos curtos e cheios de humor de “Friends”, uma das séries mais premiadas e assistidas da história da televisão mundial (e, talvez, uma das únicas a continuar fazendo sucesso mesmo após seu último capítulo ter sido exibido há quase 10 anos).
Ao lado de David Crane, um ex-colega de faculdade, Marta, 57 anos, foi a responsável por criar os mais de 230 episódios sobre Rachel (Jennifer Aniston), Joey (Matt LeBlanc), Monica (Courteney Cox), Phoebe (Lisa Kudrow), Chandler (Matthew Perry) e Ross (David Schwimmer), um grupo de amigos, no mínimo hilário, que vive nos arredores de Manhattan.
“Rir é muito humano, faz as pessoas se sentirem melhor”, disse por telefone, à Marie Claire. O bom humor é realmente a matéria prima de todos os seus projetos. Até mesmo dos dramáticos. Após lançar o TV Movie "Five" (2011), um conjunto de cinco histórias sobre câncer de mama, ela se prepara para lançar em maio, nos Estados Unidos, "Call Me Crazy: a Five Film",  aborda o tema deficiência mental. Os episódios serão dirigidos por mulheres, um deles pela amiga Jennifer Aniston: "Ela é uma mulher muito inteligente e eu a admiro muito por isso", disse Marta.
Ela está de malas prontas para vir ao Brasil nos próximos dias para participar do 1º Programa Globosat de Desenvolvimento de Roteiristas, onde ministrará uma oficina para convidados. Da Califórnia, antes de pegar o avisão para São Paulo, falou sobre suas inspirações, suas séries favoritas e a importância do bom humor feminino na televisão.

MARIE CLAIRE: Por que você acha que “Friends” fez e ainda faz tanto sucesso, mesmo depois de o último capítulo da série ter ido ar há quase dez anos?
Marta Kauffman: Acho que é porque nós pudemos contar com bons produtores, bons atores e os personagens eram pessoas que o público queria ter como amigo, queria ter dentro de suas casas uma vez na semana.

M.C.: “Friends” influenciou diversas séries de comédia sobre grupos de amigos. A que você deve esse fenômeno?
M.K.: Eu não acredito que só porque algo um dia deu certo, vai dar certo de novo. O público realmente se sentia bem assistindo a série e por causa disso alguns acham que tem que ficar fazendo a mesma coisa sempre e sempre. Mas muitos escritores e roteiristas continuam tentando ter boas ideias. É preciso olhar ao redor e entender o que as pessoas querem no momento: conforto, guerra? Nós nunca sabemos o que as pessoas estão pensando, o que estão procurando em determinados momentos. Mas precisamos descobrir e tentar traduzir.

M.C.: O que inspira você a escrever? Como é o seu processo criativo?
M.K.: Isso muda o tempo todo e depende do projeto que estou tocando, mas geralmente olho para a minha própria vida, penso o que faria em determinadas situações. Quando fiz a série sobre câncer de mama, por exemplo, muitas amigas minhas tinham passado ou estavam passando por aquele problema.

M.C.: “Girls” é o seriado do momento. Você já assistiu? O que acha?
M.K.: Eu assisti a um episódio e...não amei! (risos). Olha, essa é minha opinião pessoal. Talvez seja porque sou mais velha. Tenho filhas de 20 anos e elas gostam, mas não vivem como as garotas do seriado. Eu as acho muito neuróticas, não concordo com aquele jeito de viver. Prefiro outros tipos de séries.

M.C.: Quais? Que seriados você gosta e tem assistido?
M.K.: Eu adoro “Modern Family”! É muito engraçado! E eu amo aquelas famílias, gosto do jeito que cada um cuida um do outro. Mesmo nos momentos difíceis, eles se amam e se ajudam e isso é muito importante quando assisto uma série.

M.C.: Quais são as dificuldades de escrever comédias para jovens adultos hoje?
M.K.: O grande desafio é que as pessoas ficam muito mais tempo conectadas, elas levam seus computadores para a cama e assistem a uma série inteira de uma vez ou então só alguns trechos no Youtube. Mas acredito que é ruim assistir um show no computador porque há muitas distrações na tela, muitos links para clicar, é uma experiência muito diferente. Todos nós estamos tentando bravamente achar soluções para fazer a série funcionar na TV, assim como tem funcionado no computador. E eu não estou convencida de que descobrimos isso ainda.

M.C.: Você provavelmente é uma das roteiristas de TV com mais sucesso em Hollywood. Acredita que tenha aberto portas para outras roteiristas?
M.K.: Espero que sim, mas nunca foi a minha intenção. Fiz um trabalho com muita visibilidade e acho que, por isso, posso ter incentivado. Espero que, cada vez mais, elas se sintam encorajadas a escrever porque precisamos mais delas nos humorísticos. As mulheres trazem humanidade para a comédia.

M.C.: Em maio, você lança nos EUA "Call Me Crazy: a Five Film", que aborda o tema da deficiência mental. Como foi escrever este novo projeto?
M.K.: É a segunda vez que faço um projeto desse tipo, e, com toda a certeza, este foi muito mais difícil. No final do dia, depois de ler e falar sobre tantas histórias, eu ficava emocionalmente exausta. E a maneira de contar as histórias, de não tranformar o projeto simplesmente numa coisa depressiva, fazer os personagens sorrirem no meio de tanta dificuldade, não é nada fácil.

M.C.: O que te inspirou a escrever uma série sobre doença mental?
M.K.: Eu tenho uma amiga muito querida e a mãe dela sofre de distúrbio bipolar. Eu lembro que um dia estávamos conversando e ela, que é advogada, não queria dizer para o dono do escritório em que trabalha o porquê estava levando sua mãe para o hospital. Isso é um estigma: um em quatro adultos sofre de algum problema de distúrbio mental. Nós temos que falar sobre isso, tratar e entender o problema! O horror de falar sobre o assunto vem da falta de suporte que circunda o tema. Se você tem um filho com doença mental, as pessoas não te ligam para saber se você está bem, se o seu filho está bem. Se a criança tem câncer, todo mundo quer ajudar. Foi exatamente isso que me fez abordar esse assunto.

M.C.: E como foi para você migrar da comédia para o drama?
M.K.: Eu busquei humor nessas histórias tristes e posso afirmar que sempre é possível encontrar comédia no drama. Eu acredito que há humor em tudo. Mesmo quando as pessoas estão na pior, elas fazem piadas sobre si. É engraçada a habilidade que temos de rir até nos piores momentos. E se você não rir, você chora. Então é sempre melhor sorrir.

M.C.: Jennifer Aniston já participou de um dos espisódios de "Crazy" e agora dirigirá um dos cinco episódios de "Call Me Crazy", seu novo telefilme. Como é a relação de vocês?
M.K.: Nós temos um relacionamento maravilhoso. Já estivemos juntas em dois importantes projetos e é muito bom poder trabalhar com amigos. Jennifer é uma mulher muito inteligente e eu a admiro muito por isso.

http://revistamarieclaire.globo.com/Celebridades/noticia/2013/03/precisamos-de-mais-mulheres-nas-comedias-diz-marta-kauffman.html

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