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domingo, 10 de março de 2013


Programa de reinserção social retoma a dignidade perdida, diz detenta


Camila Neri foi sentenciada a cumprir 8 anos e 10 meses em regime fechado no Presídio Feminino do Distrito Federal, quando ainda tinha 18 anos de idade, por tráfico de drogas (causa principal do encarceramento da maioria das 550 internas da penitenciária). Hoje, quatro anos depois, ela é assistente administrativa da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap/DF). Quando foi presa, Camila tinha apenas a sétima série. Agora, com autorização do juiz, ela cursa o 2º ano do ensino médio e pretende estudar Administração de Empresas, enquanto estiver cumprindo pena. Além da força de vontade de Camila, foi fundamental nesse processo o programa de reinserção social de detentos da Funap.
Em parceria com o Programa Começar de Novo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o programa desenvolve atividades conjuntas com entidades públicas e privadas para capacitação e contratação de detentos e egressos do Sistema Carcerário. Os sentenciados autorizados a participar do programa recebem salário e têm suas penas reduzidas a cada três dias trabalhados. A remição de penas está na Lei de Execução Penal (7.210/1984) e, no caso do estudo, para cada dia de trabalho, são necessárias 12 horas comprovadas em instituição credenciada de ensino.
“Isso incentiva a gente. Eu é que não vou perder mais tempo nessa vida”, afirma Camila.  Ela, que cresceu em Planaltina, uma das cidades-satélites de Brasília mais violentas, segundo o Mapa da Violência 2012, representa o perfil das mulheres encarceradas no Brasil: jovem, baixa qualificação profissional, pouca escolaridade e histórico familiar de abandono.
Aos 7 anos de idade,  perdeu o pai com câncer. Aos 15, saiu de casa para morar com o namorado com quem teve seu primeiro filho. A mãe de Camila também está presa no Presídio Feminino do DF, porque se envolveu com o tráfico de drogas.
“Nunca tive ninguém para me dizer vai por aqui ou não faça isso. Pelo contrário, minha família era muito humilde; passava por muita necessidade. Me acostumei a lidar com isso. Cresci vendo e conhecendo o movimento do tráfico”, conta a jovem que, ao ser presa, deixou para trás dois filhos – hoje com 4 e 7 anos. De todas as dificuldades, essa é a que mais incomoda Camila. “Às vezes é difícil você conviver com pessoas que têm hábitos muito diferentes dos seus, mas o pior é não ver meus filhos”, relatou. “Quando eles crescerem e eu estiver livre, poderei explicar tudo. Eles vão me entender”.
Questionada sobre os benefícios que o trabalho lhe proporcionou, durante esse período, Camila revela ter encontrado mais do que capacitação profissional. “Estou conseguindo a dignidade novamente. Aqui fora, as pessoas acham que a prisão é um filme de terror. O preconceito é muito grande. As pessoas têm medo de quem passou por isso. Mas perto de tudo o que já vivi, vejo que depois dessa experiência posso conquistar não só a liberdade, mas muitas outras coisas”.

Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias
www.cnj.jus.br/ddtc

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