Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

quarta-feira, 27 de março de 2013


Tudo ao mesmo tempo

Durante as férias escolares e ao final do período recebi mensagens comentando a respeito de um mesmo tema: a presença de pais com crianças pequenas em locais e horários destinados especificamente a adultos.
Em quase todas essas mensagens, os leitores relataram cenas que testemunharam e os deixaram incomodados. Vale ressaltar que a maioria dos leitores que me escreveu também tem filhos e não concordou com a escolha feita pelos pais de se fazerem acompanhar pelas crianças em programas e horários impróprios para elas.
Crianças acordadas na madrugada, presentes em festas realizadas em hotéis de férias, em jantares ocorridos altas horas da noite, em bares e até em sessões de cinema com projeção de filmes que exigiam muita concentração foram situações relatadas por vários leitores.
Algumas pessoas se incomodaram com a simples presença das crianças, porque consideram que as situações eram impróprias para elas e, possivelmente, as afetariam de alguma maneira.
Outras se incomodaram porque as crianças têm reações típicas e naturais na infância --choram, reclamam, querem mexer no que está ao seu alcance-- e elas estavam em locais onde isso não deveria acontecer. Na última sessão de um filme, no cinema, por exemplo.
Recebi também a mensagem de uma avó que notou que a sua filha, com um bebê de menos de um ano, estava se comportando da mesma maneira, ou seja, levando o bebê a todos os lugares que costumava ir sozinha, como shopping, supermercado, restaurante etc. E, como ela, a avó, está sempre disponível para ficar com a neta, conversou com a filha e disse que não considerava certo levar o bebê a lugares tão barulhentos e movimentados.
A resposta da filha deixou essa avó pensativa, o que a levou a me escrever. A filha respondeu que o tempo de se anular por causa dos filhos havia acabado.
"É isso mesmo?", perguntou-me a avó.
A questão também me fez pensar bastante. Gostaria de compartilhar minhas reflexões com você, caro leitor. Talvez estejamos vivendo em uma época que nos leva a cometer alguns equívocos e a fazer confusões. Ter filhos e comprometer-se com esse fato pode estar numa dessas zonas de confusão.
Sim, muitas pessoas, mulheres principalmente, já anularam suas vidas por causa dos seus filhos.
Quer dizer: a partir do momento em que se tornaram mães, essas mulheres transformaram esse papel no quase único de sua vida. E, é bom lembrar, isso não prejudicou apenas a mulher, mas os filhos também. Sabe o que significa carregar nas costas todos os anseios de realização da sua mãe?
Bem, mas ter filhos acarreta algumas renúncias. A maioria delas é de natureza temporária, mas, ainda assim, é renúncia.
O problema é que vivemos em uma época de apologia do prazer, da satisfação imediata e da felicidade. E renúncias não combinam com isso, não é verdade?
Renunciar a algumas coisas se transformou em sinônimo de se anular, portanto. E esses são dois conceitos bem diferentes.
Casar significa renunciar à vida de solteiro; ter filhos significa renunciar à vida sem filhos. Será que aceitamos essas premissas, entre outras, nestes tempos em que é imperioso buscar a felicidade completa, nos moldes em que entendemos hoje essa palavra? Pelo jeito, não. Queremos tudo ao mesmo tempo e agora. Como os adolescentes.
Rosely Sayão
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. http://folha.com/no1252002

Nenhum comentário:

Postar um comentário