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sábado, 27 de julho de 2013

Paquistão ganha sua primeira super-heroína, a 'Vingadora de Burca'

Saba Eitizaz
Crianças assistem a trecho do desenho no Paquistão
Crianças assistem o desenho no Paquistão; para autor heroína é exemplo de não-violência
O primeiro super-herói do Paquistão é, na verdade, uma heroína de burca, que durante o dia é uma gentil professora e à noite combate homens maus que tentam fechar sua escola de meninas.
O desenho animado "A Vingadora de Burca" (Burka Avenger, no original em inglês) tem sua estreia prevista para o mês que vem na TV paquistanesa, mas já está despertando intenso debate num país em que o analfabetismo feminino é de 88% e em que o Talebã destrói centenas de escolas de meninas no noroeste.
O projeto foi idealizado pelo cantor pop paquistanês Aaaron Haroon Rashid, que começou desenvolvendo um jogo de iPhone de mesmo nome, no ano passado.
Um pequeno vídeo promocional foi feito para promover o aplicativo, mas a personagem principal ganhou vida própria e uma série de 13 episódios, que serão transmitidos pela emissora Geo em agosto.
"Essa é uma forma muito interessante de reforçar mensagens sociais positivas para as crianças", dia Rashid à BBC. "A Vingadora de Burca é um modelo (de comportamento), e temos poucos deles no Paquistão."

Burca polêmica

Muitas ativistas da vida real talvez discordem. O uso da burca - véu que cobre a mulher dos pés à cabeça, geralmente usado por mulheres do noroeste e das áreas tribais do Paquistão - é polêmico em um país que ainda enfrenta o extremismo religioso.
A jornalista e ativista Marvi Sirmed, de Islamabad, não gosta da ideia de uma heroína ficcional que use uma vestimenta tradicionalmente associada à repressão feminina.
"É subversivo e ensina que você só consegue ter poder quando veste um símbolo de opressão", argumenta Sirmed. "Isso degrada as corajosas mulheres que lutam pelos direitos femininos, pela justiça e pela educação nas regiões mais conservadoras do Paquistão e que dizem 'não' a esse tipo de estereótipo."
Mas Taha Iqbal, chefe de animação da Vingadora de Burca, pede que as pessoas esperem a estreia do programa antes de criticá-lo.
Ele argumenta que, como qualquer super-herói, a Vingadora tem uma história pessoal e que suas razões para usar a burca não têm nada a ver com subserviência.
Pôster de A Vingadora de Burca
Ativistas feministas dizem que uso da burca reforça estereótipos negativos
"Além disso, ela tem que detonar (os inimigos). Calças apertadas de couro não são nada práticas para isso", alega.

Marca paquistanesa

Os trailers do desenho se tornaram virais nas mídias sociais antes mesmo da campanha publicitária feita pela Unicorn Black, a produtora de Aaron Rashid.
Os desenhos foram desenvolvidos em apenas um ano, por uma equipe de 22 pessoas em um pequeno escritório em Islamabad.
Clipes de música também estão sendo lançados na estreia do desenho, com importantes artistas pop do país. Camisetas e outros itens de merchandising também serão vendidos, tudo para transformar a Vingadora de Burca em uma marca paquistanesa.
Mas será que a Vingadora mudará a vida das meninas paquistanesas?
Aaron Rashid afirma que o desenho não apenas abordará as escolas das meninas, como também ensinará às crianças a importância da tolerância, da igualdade e de outras questões sociais no Paquistão.
Ele diz que o tema central da série é a não-violência, argumentando que a protagonista usa livros e canetas para combater seus inimigos - ainda que use os objetos para bater neles.
Será que o simbolismo disso não é complexo demais para as crianças pequenas entenderem?
Rashid discorda. "(A Vingadora) está querendo dizer que a caneta é mais poderosa do que a espada", insiste ele. "Ela é não-violenta porque lança livros, enquanto a maioria das pessoas lança bombas. Pense nisso."

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