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domingo, 31 de março de 2013


Cartilha com informações da Lei Maria da Penha encoraja denúncia contra ex

"Ele me deixava trancada em casa", lembra vítima que denunciou ex.
Delegacia da Mulher de Ariquemes registrou 787 boletins em 2012.

Eliete Marques
Do G1 RO
Vítima diz que tomou coragem e denunciar ex-parceiro após 
leitura de cartilha com informações sobre a Lei Maria da Penha 
(Foto: Eliete Marques/G1)
Sentada no sofá da Casa Noeli dos Santos, entidade que abriga mulheres vítimas de violência, em Ariquemes (RO), a serviços gerais de 31 anos se emociona ao falar das agressões sofridas pelo companheiro. O acesso a uma cartilha com informações sobre a Lei Maria da Penha encorajou a denunciar o então companheiro à polícia, que atualmente está preso. Conforme dados da Delegacia de Defesa da Mulher e da Família do município, ameaça e lesão corporal são os crimes mais cometidos contra a mulher.
A vítima conta que viveu com o ex-companheiro durante quatro anos e que as agressões foram aumentando com o tempo.  "Após três meses morando juntos, ele começou a me agredir não só com pancadas, mas também psicologicamente e ainda na frente das minhas filhas. Dizia que me amava e que fazia isso por ciúmes", relata.
A serviços gerais lembra que terminou várias vezes o relacionamento, mas acabava voltando, acreditando nas promessas de melhora de comportamento do ex-parceiro. Após conciliação as agressões paravam, mas depois de um tempo se repetiam, conta a vítima.
“Um dia ele chegou a casa e disse que eu não valia nada e sempre inventava que eu o traia. Me deu um soco forte no nariz e eu comecei a sangrar. Minha filha menor entrou no quarto e me viu daquele jeito. Foi então que ele a empurrou e a machucou", diz emocionada.
A vítima conta que as agressões eram feitas com tanta frequência que passou a faltar ao trabalho devido às marcas da violência. "Ele me deixava trancada em casa, para ninguém ver as marcas no meu rosto", lembra.

Ele me deixava trancada em casa para ninguém ver as marcas no meu rosto"
Vítima, de 31 anos

Após denunciar o companheiro à polícia, foi encaminhada para a Casa Noeli dos Santos com as duas filhas. “A casa nos dá todo o suporte para conseguirmos nos estruturar novamente na vida. Eu sai para uma casa alugada e estou trabalhando. Quero acabar de criar minhas filhas”, enfatiza.
A casa, cujo endereço é mantido em sigilo, é mantida pela Associação Anglicana Desmond Tutu, por prestações pecuniárias do fórum do município e doações de voluntários. Os atendimentos são realizados de forma gratuita. A Coordenadora da entidade Elineide Ferreira de Oliveira, conta que a casa já abrigou 75 mulheres, desde a inauguração em 2011, na maioria das vezes, com filhos. “Na casa elas têm atendimento psicológico, encaminhamentos jurídicos e para o mercado de trabalho”, ressalta a coordenadora.
As vítimas podem ficar até três meses na casa. Atualmente a casa está atendendo uma mulher de 31 anos com dois filhos, que afirma estar com medo do ex- companheiro sair da prisão e encontra-la. Conta que está à procura de uma casa em outro município para morar.

Dados
De acordo com dados da Delegacia de Defesa da Mulher e da Família, em 2011, foram registrados 942 boletins e ocorrência. Em 2012 foram 787, uma redução de 155 casos. No entanto, a delegada Juliana Tavares afirma que não houve uma real diminuição dos casos no município. “Em novembro e dezembro do ano passado a Polícia Civil estava em greve, e só foram registrados casos de flagrante”, explica.
Juliana expõe que ameaça e lesão corporal são os principais crimes de violências cometidos, geralmente, por ex ou atuais companheiros das mulheres. A delegada ressalta também que as mulheres denunciam e na maioria dos casos pedem medidas protetivas, como afastamento do lar, asseguradas pela Lei Maria da Penha.  “Com a ampla divulgação da lei, as mulheres estão tendo mais coragem de denunciar as agressões”, destaca.


“Você não terá carreira”

Juliana Doretto

“Você tem de entender que, para uma mulher nas suas condições, é muito difícil ter uma carreira. Você tem de fazer da profissão dele uma parceria, uma empreitada a dois, e contentar-se com o estilo de vida que a carreira dele pode lhe proporcionar.” Ouvi essa frase de um chefe do meu então companheiro, cujo trabalho exigia temporadas longas no exterior. Ainda que eu tenha argumentado que a internet hoje possibilite novas relações de trabalho; que minha profissão seja versátil e flexível; e que minhas intenções de seguir carreira acadêmica sejam mais um campo a explorar, nada pareceu convencer aquele senhor de que eu poderia ter algum sucesso profissional, a não ser se eu me atrelasse à carreira de uma outra pessoa. Pergunto-me se ele diria o mesmo se eu fosse homem…

Fui acusada de ser inferior a um parceiro por não ter a mesma carreira que ele; fui ignorada por colegas de trabalho dele por não ser do mesmo grupo profissional; fui inúmeras vezes questionada: “Mas por que você não quer fazer o que ele faz? Você iria ganhar muito mais”. A resposta “Não é minha vocação” não pareceu convencer meus interlocutores. Cansei de dizer que não, ainda não determinei aquele “curso”: desisti de explicar que uma pesquisa de doutorado leva quatro anos e que não faço isso para “me ocupar”, mas que se trata do meu plano de vida. Nunca vi homens que estavam em condição semelhante à minha passaram pelo mesmo que eu.

Agradeço aos meus pais por terem me possibilitado escolher a profissão que quis e por terem me deixado sair de casa, antes de completar 18 anos, para estudar na capital paulista – do mesmo modo como fizeram com meu irmão mais velho. Lembro-me de que alguns diziam a eles: “Mas vocês vão deixar uma menina ficar sozinha em São Paulo?” ou ainda “Por que vocês não a convencem a fazer medicina? Vai ganhar muito mais dinheiro”. E quando, já formada, decidi pedir demissão e abrir uma empresa, para trabalhar como profissional “freelancer” e poder me dedicar mais ao meu mestrado, meu pai não soltou “Você é louca”, mas aceitou ser meu sócio e me indicou um contador. Nesse caso, tenho certeza de que eles fariam o mesmo se fosse meu irmão que tivesse lhes dito isso.

Em 1950, minha avó se casou aos 28 anos e ainda me dizia que poderia ter esperado mais — apesar dos comentários de que ela já estava velha demais. Nos anos 70, minha mãe tirou a carteira de motorista escondida de meu avô, porque ele não queria ver a filha dirigindo. Pagou o curso e as taxas com o dinheiro de seu trabalho. Não serei eu, nos anos 2000, a quebrar a tradição de família. Sinto muito, mas não aceito que me digam o que posso ou não fazer. Não aceito que me achem inferior a quem quer que seja – muito menos por não ter o mesmo gênero, ou o mesmo salário, ou pior, o mesmo “status”. Não aceito que me considerem um enfeite, acompanhando – de preferência, bem trajada e maquiada – o sucesso de alguém. Sinto muito, mas eu terei uma carreira, sim. Aliás, já tenho.

* Juliana Doretto é jornalista.
http://colunas.revistaepoca.globo.com/mulher7por7/2013/03/31/%E2%80%9Cvoce-nao-tera-carreira%E2%80%9D/

Stephanie Coontz: "É hora de ajudar os homens a mudar"

No aniversário de 50 anos do livro fundador do feminismo moderno, a historiadora diz que os homens também precisam de uma revolução

MARCELA BUSCATO

A americana Stephanie Coontz era apenas uma universitária em 1964, quando ouvia reclamações maternas durante suas ligações semanais para casa. Sua mãe acabara de ler um livro que explicava as razões por se sentir “sozinha, entediada e insegura” enquanto criava as filhas e cuidava do marido. Hoje, 50 anos depois, Stephanie sabe que presenciou um momento histórico. O livro que sua mãe lera, A mística feminina, da americana Betty Friedan (1921-2006) desencadeou o movimento feminista moderno. Fez com que milhares de donas de casa percebessem que a razão da infelicidade era o descompasso entre suas aspirações de autonomia e o ideal de feminilidade da época: uma mulher passiva e dependente. Stephanie, hoje com 68 anos, é reflexo dessa mudança. Tornou-se, ela própria, uma especialista em questões de gênero, professora do Evergreen State College, no Estado de Washington, e autora do livro A strange stirring (algo como Tempos agitados, sem edição no Brasil), em que analisa as conquistas do movimento feminista.

DIREITOS HUMANOS
A historiadora americana Stephanie Coontz.
“Não podemos mais tratar assuntos de família
como se fossem de mulher. Eles são um tema
de direitos humanos” (Foto: Divulgação)
ÉPOCA – Superamos a situação de que sua mãe se queixava?
Stephanie Coontz – Muito dela foi superado. Pesquisas ao redor do mundo mostram que a maioria das pessoas não acredita que a fonte de realização pessoal das mulheres seja única e exclusivamente cuidar da casa e da família. Mas há outras místicas que ainda são um empecilho para conquistarmos totalmente a igualdade de gêneros. Uma delas é a mística masculina, a ideia de que o homem deve ser o provedor da casa, ter poder e manifestar força física e emocional. Fizemos mais progresso em combater a mística feminina que a masculina. Hoje, as jovens se sentem livres para ser fortes e inteligentes, características antes atribuídas apenas ao sexo masculino. Mas os meninos sofrem bullying na infância se participam de atividades ou se expressam emoções tradicionalmente consideradas femininas. Os garotos policiam uns aos outros para não agir “como garotas”. Nossas atitudes a respeito da masculinidade não mudaram em nada.

ÉPOCA – Por quê?
Stephanie – Os homens tiveram menos incentivo que as mulheres para buscar uma transformação. Mas eles estão mudando. De maneira mais lenta, mas estão. Vemos cada vez mais homens pedindo políticas corporativas que permitam passar mais tempo com a família e ajudar na criação dos filhos e nas tarefas domésticas. Eles estão genuinamente interessados em ter mulheres que sejam semelhantes a eles, não submissas.

ÉPOCA – Qual é a contribuição feminina para essa mudança?
Stephanie – As mulheres têm responsabilidade na maneira como os homens se comportam. Precisamos mudar alguns maus hábitos nossos. Queremos dividir as tarefas de casa, mas reivindicamos o título de especialistas e criticamos o que eles fazem. Ainda esperamos que os homens sejam poderosos e tenham dinheiro. As mulheres precisam ajudar os homens a descobrir o que já entendemos: você será uma pessoa mais feliz se não viver para cumprir os ideais impostos por estereótipos de gênero. Cabe a nós ajudá-los a entender que não precisam bancar os machos tradicionais para que sejam amados por nós. Seremos mais felizes com homens iguais, não superiores às mulheres.

ÉPOCA – A visão estereotipada das mulheres sobre os homens afeta a vida delas?
Stephanie – Acredito que muitas desistam da carreira depois que têm filhos, porque não confiam no marido para ajudar a cuidar das crianças. Elas acham que ele não dará conta da tarefa. Parte da solução para esse problema é as mulheres mudarem a maneira de pensar. Também precisamos de reformas estruturais. Os governos e as empresas precisam permitir que os homens desfrutem licença-paternidade. Ao passar mais tempo em casa, eles ficarão mais hábeis com as tarefas domésticas, e as mulheres perceberão que podem confiar neles e dividir a responsabilidade de cuidar da família. A mudança social ajudará na mudança de atitude individual.

ÉPOCA – Olhando para as conquistas conseguidas após a publicação do livro de Betty Friedan, como podemos usar o que aprendemos no passado para conseguir as mudanças que faltam?
Stephanie – As feministas dos anos 1960 mudaram a atitude das pessoas. Mostraram que o problema não era das mulheres. Betty Friedan e o movimento feminista mostraram que as mulheres estavam infelizes, tomando tranquilizantes por causa de um problema da sociedade, que não as deixava usar seus talentos. Hoje, estamos numa situação semelhante. Homens e mulheres brigam entre si, culpando uns aos outros por não se ajudar ou por ser cobrados demais. Precisamos parar de ver essa disputa como um problema individual e encará-lo como social. Não podemos mais tratar assuntos de família como se fossem assuntos de mulher. Eles são um tema de direitos humanos.

ÉPOCA – Se antes eram só as mulheres que tomavam tranquilizantes, hoje também vemos homens vivendo à base de antidepressivos. É um sinal de que hoje eles é que estão à beira de exigir uma revolução de gênero? 
Stephanie – Espero que sim, que homens e mulheres joguem fora os remédios e comecem a pedir uma vida que não os leve à loucura. Há 100 anos, o grande problema da classe trabalhadora ao redor do mundo era fazer do ambiente de trabalho um lugar seguro. Hoje, o maior desafio é fazer do trabalho um lugar seguro para a vida em família. Precisamos de reformas: licença-paternidade, limites de horas trabalhadas por semana, vagas em creches de boa qualidade para deixar as crianças e auxílio financeiro para que as pessoas possam pagá-las. Nos Estados Unidos, nem a licença-maternidade é obrigatória em alguns tipos de empresa.

"As mulheres têm responsabilidade na maneira
como os homens se comportam. Precisamos mudar alguns maus hábitos nossos"

ÉPOCA – No Brasil, há uma legislação trabalhista bem estruturada. Nem por isso deixamos de ver mulheres abandonando suas profissões e homens dividindo igualmente as tarefas domésticas.
Stephanie – Atualmente, homens e mulheres são regidos por outra mística: a carreira. Acreditamos na ideia de que o sucesso profissional requer que as pessoas comprometam todo o seu tempo e energia no trabalho. Para isso, devem delegar demais responsabilidades, como cuidar da família, para outra pessoa. O resultado dessa crença é que poucas empresas oferecem às mulheres a flexibilidade de que elas precisam no dia a dia. Os homens, no minuto em que pensam em pedir uma política de trabalho mais amigável à vida em família, são vistos com preconceito no ambiente de trabalho. Qualquer pessoa que se engaje em cuidar de alguém enfrenta essa discriminação. Isso tem de mudar. Todos temos necessidade de ter laços de família próximos, de poder cuidar de alguém. Também temos o direito de usar nossos talentos, de fazer um trabalho significativo, de desfrutar laços sociais fora de casa. Esse é o verdadeiro objetivo do movimento feminista que, na verdade, é um movimento humanista. Ninguém, seja homem ou mulher, deve ter de escolher entre trabalho e família.

ÉPOCA – Mas as mulheres ainda são forçadas a escolher, não?
Stephanie – Há uma certa sensação de que a revolução pela igualdade de gêneros empacou nas últimas décadas. Descobrimos que, no fim dos anos 1990, houve um pequeno aumento das pessoas que voltaram a acreditar que talvez seja melhor um dos membros da família se especializar nos cuidados com a casa, e outro, na carreira. Entre 1997 e 2007, as mães que trabalhavam em período integral, mas que diziam querer trabalhar meio período, aumentaram de 48% para 60%. Não achamos que isso aconteceu porque as mulheres mudaram de ideia sobre o que querem. Na verdade, elas têm tentado conciliar carreira e família, mas não conseguem por causa de barreiras que parecem intransponíveis, como a falta de flexibilidade das empresas e de locais adequados para deixar as crianças. É como se elas tivessem deparado com uma muralha.

ÉPOCA – Qual a consequência dessa escolha?
Stephanie – Culpa. A maioria das mulheres que são mães em tempo integral não quis desistir de todas as suas atividades fora de casa. E a maioria das mulheres que trabalham fora de casa gostaria de ter mais tempo para a família. Acabamos nos envergonhando de nossa escolha. Isso leva a uma necessidade muito humana de justificá-la, de dizer “a minha escolha é a certa”. Por isso, há uma guerra entre os dois tipos de mãe: as que trabalham fora e as que se dedicam aos filhos, como se os valores dos dois grupos fossem incompatíveis. Nesse campo, a pressão hoje é ainda maior do que nos tempos de Betty Friedan. No passado, a mística da dona de casa dizia que a realização das mulheres viria das conquistas do marido. Hoje, surgiu uma mística da maternidade. Ela diz que a realização virá do sucesso dos filhos. Por isso, a mãe precisa transformar todos os momentos com as crianças numa experiência de aprendizado, para prepará-las para o futuro da melhor maneira possível. Nunca é demais o que você pode fazer por seu filho. Quer dizer: você nunca está fazendo o suficiente.

ÉPOCA – Não é estranho que o pós-feminismo tenha dado espaço ao surgimento de uma mística tão contrária a seus ideais?
Stephanie – A sociedade de consumo tornou-se cada vez mais competitiva. Com o aumento da insegurança econômica, desenvolvemos uma cultura que valoriza os ganhos, algo que afeta homens e mulheres. Por isso, temos de ir além da ideia de que tudo está relacionado ao gênero a que você pertence. O feminismo do século XXI é sobre defender pessoas, não gêneros. 


A nova divisão de tarefas

SUZANE G. FRUTUOSO E VERÔNICA MAMBRINI

COOPERAÇÃO Cena da rotina familiar. Os homens se sentem mais à vontade para ajudar no cuidado com os filhos (Foto: Christian Parente/ÉPOCA; Produção: Cuca Elias)
COOPERAÇÃO
Cena da rotina familiar. Os homens se sentem 
mais à vontade para ajudar no cuidado com os filhos
(Foto: Christian Parente/ÉPOCA; 

Produção: Cuca Elias)
A única vez em que o marido da publicitária Maria Claudia Salomão, de 34 anos, arrumou a lancheira da filha Malu, de 2 anos, foi em meio a uma das brigas do casal. Os desentendimentos entre eles são poucos. Não raro, o estopim são os pedidos dela para que ele se envolva mais nos cuidados com a menina. Maria Claudia diz saber ser uma privilegiada. O marido gosta e quer participar. Sabe até combinar roupinhas para vestir Malu – uma habilidade rara entre pais e maridos. Mas ela ainda se ressente de ter de pensar em todos os detalhes. “Ele vai à farmácia comprar o que Malu precisa, mas sou eu que tem de explicar o que comprar”, diz Maria Claudia. Suas queixas espelham a alma cansada e nem sempre silenciosa de milhões de mulheres. Revelam uma realidade estressante para elas e frustrante para eles. Se é verdade que os homens nunca se dedicaram tanto à criação dos filhos e às tarefas domésticas, as mulheres nunca foram tão veementes em reclamar que o empenho deles está longe de ser suficiente. Um embate difícil de resolver. Para amenizá-lo, ajuda compreender o essencial quando o tempo escasseia, o cansaço domina e a vida fica difícil para cada metade do casal.

Primeiro, cabe às mulheres um exercício de boa vontade em reconhecer que, se a ajuda dos homens está longe do ideal, pelo menos já é maior hoje do que no passado. A pesquisa mais recente a medir o engajamento masculino, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sugere avanços tímidos dos brasileiros rumo ao tanque e à cozinha. Entre 1995 e 2009, aumentou 3,3 % o número de homens que afirmaram se incumbir de algum tipo de tarefa. A mudança de comportamento pode ser lenta, mas é irrevogável. “Estamos no momento mais igualitário da história em termos de divisão das tarefas domésticas”, afirma a socióloga americana Barbara Risman, pesquisadora da Universidade de Illinois que acompanha as diferenças entre gêneros em diversos países do mundo.

A ilustradora Ila Oliveira, de 30 anos, e o engenheiro de software Ricardo Bittencourt, de 36 anos, de Belo Horizonte, são reflexo desse momento democrático. Eles não têm empregada nem diarista. O segredo para manter a casa em ordem – e a harmonia entre o casal – é limpar um pouquinho por dia. A faxina completa é feita uma vez por mês, em dupla. A divisão das tarefas é feita de maneira civilizada. “Aconteceu naturalmente, de acordo com o gosto de cada um”, diz Ila. É Bittencourt que assume a cozinha quando é hora de cuidar das carnes cruas, algo que Ila não suporta. 

Foi no cuidado com os filhos que os homens ganharam mais desenvoltura nas últimas décadas. “Há um certo orgulho em assumir a paternidade”, afirma Barbara, da Universidade de Illinois. Os números comprovam essa percepção. Um estudo realizado pelo Families and Work Institute, uma organização americana, revela que, em 1977, os homens gastavam, em média, 1,8 hora por dia em tarefas relativas à vida das crianças. Em 2008, quando os novos dados foram coletados, esse número subira para três horas diárias. No Brasil, a situação não é diferente. Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Universidade Luterana do Brasil analisaram como 100 casais dividam as obrigações relativas aos cuidados com as crianças. De oito tarefas, homens e mulheres compartilhavam seis: repreender quando a criança precisa de limites, comparecer a reuniões na escola, ensinar hábitos de higiene, prover sustento financeiro, dar apoio afetivo e proporcionar atividades de lazer. Apenas duas tarefas cabiam exclusivamente à mulher: cuidar da alimentação e das atividades escolares.
divisão de tarefas (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
Em suas entrelinhas, o estudo gaúcho oferece aos homens que se sentem injustiçados pela cobrança feminina a possibilidade de compreender as queixas delas. A causa do descontentamento é que ainda sobram para as mulheres – e só para elas – alguns afazeres domésticos fundamentais. São tarefas invisíveis, como supervisionar o dever de casa das crianças ou montar o cardápio das refeições. Essas pequenas responsabilidades cotidianas, quando somadas, assoberbam a mente e geram estresse. Ainda é sobre as mulheres que recai outra categoria de tarefas invíseis: a incumbência de manter contato com parentes e amigos, lembrar aniversários e apoiar emocionalmente a família. Algo chamado também de trabalho pela socióloga americana Pamela Smock, da Universidade de Michigan. “Romper com essas obrigações invisíveis é a conquista derradeira da igualdade de gêneros em casa”, diz Pamela.


A fonoaudióloga paulistana Adriana Mandetta, de 42 anos, conhece bem essas obrigações. Para ela, elas não têm nada de invisíveis. É Adriana quem leva as filhas Isabela, de 13 anos, e Giovana, de 10, ao médico, à escola de inglês, às aulas de vôlei, balé... Para dar conta, decidiu trabalhar meio período. “Meu marido até ajuda no fim de semana, mas existem coisas que a mulher tem de fazer, independentemente de ter tempo ou não”, diz Adriana. “Somos mais detalhistas.”

Ela não está sozinha em sua percepção. É comum que as mulheres não aceitem dividir a gestão da casa com os parceiros por acreditar que eles não darão conta. Eles podem até se encarregar de alguns afazeres. Mas são elas que determinam quais – e como devem ser feitos.“Os homens ficam confusos”, afirma a psicóloga Maria Aznar-Farias, professora da Universidade Federal de São Paulo. “Eles querem ajudar, mas muitas vezes não sabem por onde começar, porque as mulheres não deixam.” Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que é o comportamento das mulheres que dita o grau de envolvimento dos homens. Nos casais em que as mães elogiavam o desempenho dos maridos para lidar com fraldas e mamadeiras, eles se saíam melhor nas tarefas e participavam mais. “É pelo afeto, e não pela imposição que se conquista a ajuda masculina”, diz a socióloga Rosana Schwartz, especialista em questões de gênero da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. “Como os homens não são educados para prestar atenção a detalhes, a mulher tem de aprender a pedir com jeito, elogiando, confiando e agradecendo a participação deles.” 
TRABALHO EM DUPLA A ilustradora Ila Oliveira e o marido, Ricardo Bittencourt, de Belo Horizonte. Ele ajuda tanto nas tarefas domésticas que o casal dispensou a empregada (Foto: Christian Parente/ÉPOCA; Produção: Cuca Elias)
TRABALHO EM DUPLA
A ilustradora Ila Oliveira e o marido, Ricardo Bittencourt,
de Belo Horizonte. Ele ajuda tanto nas tarefas domésticas
que o casal dispensou a empregada 

(Foto: Eugenio Savio/ÉPOCA)

O comportamento feminino acaba rea­firmando estereótipos, porque os filhos tendem a reproduzir, quando adultos, padrões de comportamento aprendidos na infância. No Brasil, os dados do Ipea sugerem que o ciclo está longe de terminar. Desde cedo, as meninas trabalham mais em casa que os meninos. Entre os 10 e 15 anos, elas fazem 25 horas de tarefas domésticas por semana. Eles, dez horas. Na vida adulta, esses estereótipos interferem não só na divisão dos afazeres do lar – ou melhor, na sobrecarga feminina –, mas também na vida sexual do casal. A conclusão é de um estudo curioso conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington. Eles concluíram que, quando os homens assumem tarefas em casa consideradas femininas, como lavar roupas, a frequência com que o casal faz sexo diminui. Nos relacionamentos em que a divisão de tarefas é tradicional, o número de relações sexuais mensais é multiplicado por 1,6. “Nossa definição de atratividade está ligada aos ideais de masculinidade e feminilidade”, afirma o sociólogo Sabino Kornrich, um dos autores do estudo. As próprias mulheres podem considerar os maridos menos atraentes, porque atribuem ao cuidado com a casa um caráter feminino. “Podem não ser noções necessariamente modernas, mas elas acabam contaminando nossas atitudes.”

A autocobrança feminina sobre a criação dos filhos é outro elemento que aumenta o estresse das mulheres. Paira no ar a exigência para que se criem filhos preparados para ocupar posições de liderança. Cabe às mães fazê-los atingir tal ideal, criando oportunidades de aprendizado e infinitas atividades extracurriculares. Esse comportamento, exacerbado pela crise econômica na Europa e nos Estados Unidos, ganhou até nome: mompetition (um jogo com as palavras “mãe” e “competição”, em inglês). “Nas minhas pesquisas, encontro mulheres que deixam de trabalhar porque acham que seus filhos serão mais bem educados se a mãe ficar em casa”, diz Cameron Macdonald, professora da Universidade de Wisconsin. “As mães que recusam essa lógica sofrem preconceito das outras.”

Os homens parecem à margem da angústia causada por esse ideal de perfeição na criação dos filhos, porque são mais cobrados por seu papel fora de casa. O resultado dessa divisão social de tarefas são políticas corporativas que impedem os homens de conciliar a vida profissional com a participação ativa nos cuidados com as crianças. Por isso, eles ficam mais tempo fora de casa. No Brasil, de acordo com o Ipea, os homens trabalham fora 42,9 horas por semana, e as mulheres, 35,6 horas. “Eles compreendem que precisam dividir igualmente com a mulher a tarefa de cuidar dos filhos, mas as empresas estranham se um funcionário diz que sairá no meio do expediente para levar o filho ao médico”, diz Rosana, do Mackenzie. “Os homens vivem um conflito.”

No livro Fast-forward family, recém-lançado nos EUA, pesquisadores da Universidade da Califórnia mostram esse impasse. Ao analisar como pais e mães são recebidos pelas crianças ao chegar em casa, descobriram que as mulheres chegam primeiro 76% das vezes. Em média, os homens cumprem duas horas extras diárias. Como as mães chegam antes, são elas que recebem atenção e carinho dos filhos – assim como os pedidos de ajuda na lição, de materiais que devem ser comprados para a aula e as demais tarefas invisíveis que muitas vezes acabam em brigas entre marido e mulher. A cena flagrada pelos pesquisadores americanos – tão comum no cotidiano das famílias brasileiras – mostra que, se as mulheres ainda não dividem igualmente com os homens a criação dos filhos, não estão sozinhas na angústia de querer mais tempo com a família.


O homem moderno juntou-se a ela. 

E se ela ganhar mais?

SUZANE G. FRUTUOSO

TABU Na cena, ela trabalha e ele descansa. Pesquisas sugerem que mulheres responsáveis pelo sustento do lar têm mais chance de se divorciar (Foto: Christian Parente/ÉPOCA; Produção: Cuca Elias)
TABU
Na cena, ela trabalha e ele descansa. 
Pesquisas sugerem que mulheres responsáveis
pelo sustento do lar têm mais chance de se divorciar 

(Foto: Christian Parente/ÉPOCA; Produção: Cuca Elias)
e se ela ganhar mais? (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
Ganhar mais do que o companheiro gera um incômodo semelhante ao da pilha de louças que se acumula na cozinha. A batalha de quem resiste mais tempo a lançar-se e lavá-la é silenciosa – mas só até que o primeiro prato caia, e o assunto venha à tona. Às vezes, de maneira explosiva. Com a ascensão feminina no mercado de trabalho, é natural que as mulheres sejam responsáveis pelo rendimento principal da família num número cada vez mais expressivo de lares. No Brasil, 37% das casas já são chefiadas por mulheres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A tendência é mundial. Nos Estados Unidos, 40% das mulheres ganham mais que os parceiros – número que deverá cruzar os 50% em 2036, segundo projeções do Escritório de Estatísticas Laborais do governo americano. A notícia é boa. Mas, na prática, pode trazer desconforto para os homens menos bem-sucedidos. Em muitos casos, a guerra fria travada entre contas bancárias é letal para a relação.

A executiva paulistana Tatiana, de 34 anos, experimentou o abalo no relacionamento provocado pelas diferenças salariais. Seu ex-namorado, um gerente de relações públicas assim como ela, não gostou quando Tatiana recebeu uma nova proposta de emprego. Desconfiou que ela ganharia mais do que ele. Tatiana nunca aceitou revelar o novo salário – e a competição se acirrou. “Ele não perdia uma chance de mostrar que trabalhava melhor do que eu”, afirma Tatiana. “Começou a dizer que, se eu ganhava mais, tinha de pagar as despesas dele também.” O nível de tensão no relacionamento culminou com um empurrão dele durante uma briga. O namoro acabou. Tatiana está sozinha há um ano. Agora procura um parceiro que ganhe como ela ou não tenha complexos. De preferência, a primeira opção. “Quero alguém que esteja no mesmo patamar”, diz ela.

Casos como o de Tatiana já começam a se refletir nas tendências detectadas pelos cientistas sociais. Num dos estudos mais recentes sobre o assunto, publicado em 2010, o sociólogo americano Jay Teachman, da Western Washington University, cruzou a renda e o estado civil de 2.500 mulheres que haviam se casado entre 1979 e 2002. Concluiu que as responsáveis pelo sustento da família tinham uma chance 40% maior de se divorciar. As pesquisas sugerem que os conflitos são causados por antigos estereótipos, carregados tanto por homens como por mulheres. Não são só eles que se ofendem com a situação. Elas também se incomodam. O problema é cultural. “Ele até torce e colabora com o crescimento da parceira, mas o mantra do ‘eu consigo mais’ está sempre ali”, diz a psicóloga Rita Manjaterra Khater, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. “As mulheres querem homens que lhes sejam pelo menos iguais, porque não está estabelecido em nossa cultura o modelo do homem sustentado.”

Os homens podem se sentir diminuídos em sua virilidade, à sombra da mulher bem-sucedida. Em alguns casos, literalmente. Um levantamento feito na Dinamarca sugere que há um aumento de 10% no uso de medicamentos para tratar disfunção erétil entre os homens que ganham menos do que as parceiras. As mulheres podem se autossabotar porque não querem estar num relacionamento em que os papéis de gênero no sustento da família não sejam os convencionais. Pelo menos, é o que diz um estudo publicado no mês passado por pesquisadores da Universidade de Chicago e da Universidade Nacional de Cingapura. Eles concluíram que as mulheres com potencial para ganhar mais do que os maridos pedem demissão com mais frequência do que a média das mulheres. O comportamento atinge, inclusive, mulheres mais jovens, entre 22 e 34 anos – em tese, elas estariam menos contaminadas por estereótipos. No levantamento, os pesquisadores ainda levantam os motivos para a infelicidade no casamento, relatada pelos casais em que a mulher ganha mais. Para compensar a “ameaça” que elas oferecem ao marido, as mulheres assumem mais tarefas domésticas. O cansaço provocado pela jornada dupla leva às brigas que minam a estabilidade do casal e culminam em divórcio.
BEM RESOLVIDOS O casal paulista Emerson Fernandes e Thais Borgo, junto na reforma do apartamento. Ela ganha mais – e ele apoia (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)
BEM RESOLVIDOS  
O casal paulista Emerson Fernandes e Thais Borgo, 
junto na reforma do apartamento. Ela ganha mais – e ele apoia 
(Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)


A socióloga Alexandra Killewald, da Universidade Harvard, descobriu que as mulheres com maior renda são, ironicamente, as que menos terceirizam o trabalho de casa. Entre as mulheres que trabalham, cada US$ 10 mil ganhos ao ano correspondem à diminuição de uma hora por semana nas atividades domésticas. Elas contratam empregadas, dividem as tarefas com marido e filhos ou simplesmente deixam de fazer algumas coisas. Contentam-se, até certa medida, com a casa menos arrumada. Entre as mulheres com os salários mais altos, porém, a carga de trabalho em casa diminui apenas 0,4 hora por semana. Talvez seja um ranço do efeito compensatório detectado por pesquisadores em outros estudos. “As mulheres não conseguem comprar facilmente a igualdade quando o assunto são as responsabilidades domésticas”, escreve Alexandra.

A solução para o embate entre salários e egos é tão simples quanto difícil de colocar em prática. Depende de uma mudança de mentalidade – deles e delas. A atleta Maria Elisa Antonelli, de 29 anos, do Rio de Janeiro, e o namorado, Leandro Pinheiro, de 31 anos, conseguiram escapar dos antigos estereótipos. Ela faz dupla com a jogadora Juliana no vôlei de praia e ganha mais do que Leandro, seu técnico. Nenhum dos dois vê problema nisso. “Para mim, é natural que as contas sejam divididas proporcionalmente aos ganhos de cada um”, afirma Elisa. A executiva americana Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, afirma em um novo livro que a escolha de um marido que apoie a carreira é a escolha mais importante da vida profissional de uma mulher. “Tenho um marido maravilhoso que divide tudo comigo meio a meio.” A conclusão de uma pesquisa feita pelos psicólogos americanos Patrick Coughlin e Jay Wade, da Universidade Fordham, é a mesma: a melhor maneira de lidar com esse assunto é encontrar um parceiro afinado com a ideia de ascensão profissional da companheira.

O paulista Emerson Fernandes, de 33 anos, e a psicóloga Thais Borgo, de 30 anos, conseguiram essa sintonia. Ele escolheu ganhar menos, para trabalhar numa organização não governamental. Hoje, está numa empresa pequena, e seu salário é menor que o de Thais. Ela paga quase todas as contas, ele dá uma boa ajuda nas tarefas domésticas. Ambos entendem que o maior desafio no relacionamento é zelar para que ele prossiga.
e se ela ganhar mais? (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)

Quem é o homem ideal

MARTHA MENDONÇA

O americano Jeremy Nicholson se diz um doutor em atração. Doutor de verdade – ele faz questão de frisar –, porque fez doutorado em psicologia, para estudar a ciência dos relacionamentos. Nicholson escreve um blog em que dá dicas sobre como conquistar o parceiro dos sonhos, e se diz preocupado com o que tem escutado das mulheres. “Elas dizem que sempre falta alguma coisa nos homens. Ou são fortes, provedores, determinados, e não muito dedicados e fiéis, ou são sensíveis, atenciosos, mas passivos demais.” Como é improvável que todos os homens legais tenham sumido repentinamente do mercado, Nicholson e outros estudiosos dos anseios femininos trabalham com outra hipótese: a culpa pelos corações solitários é o alto grau de expectativa feminina. Elas estão exigentes demais. Procuram características que dificilmente costumam aparecer num único ser humano do sexo masculino – com exceção, talvez, do exemplar apresentado na página ao lado. Será demais pedir por um destes?
homem ideal (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
Aparentemente, sim. Nicholson diz que as mulheres estão presas numa armadilha causada pelo confronto entre o tipo de homem que acham atraente do ponto de vista biológico – o provedor dominador – e aquele que admiram socialmente, o companheiro capaz de mostrar suas emoções. “É uma combinação contraditória e inatingível”, diz Nicholson. A antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escuta em terras brasileiras queixas semelhantes. “Existe uma cultura feminina de valorizar justamente a característica que falta no parceiro”, diz Mirian. A explicação para um nível tão alto de exigência é um encantamento com a independência conquistada pela mulher nas últimas décadas. “Estamos saboreando nosso protagonismo”, afirma a psicóloga gaúcha Diana Corso.
O segredo para encontrar o equilíbrio é valorizar algumas características-chave – algo que as mulheres, desde tempos imemoriais, sempre souberam fazer. O psicólogo americano David Buss, da Universidade do Texas, estudou as qualidades admiradas no sexo oposto por mulheres de 37 culturas. Ele diz que as bem-sucedidas na vida amorosa estão de olho em quatro conjuntos de características. A primeira categoria engloba indicadores físicos, como beleza e virilidade, garantia de bons genes e filhos saudáveis. A segunda reúne fatores com potencial para gerar bons provedores, como a dedicação ao trabalho. A terceira categoria sugere as chances de ser um bom pai: é maduro emocionalmente? A quarta abarca as características de um bom companheiro, como ser fiel e atencioso. Encontrar homens com pontuação máxima nas quatro categorias é algo que beira o impossível. As mulheres – como sabemos e Buss constatou – não estão dispostas a abrir mão de nenhuma delas. O que a maioria faz é diminuir a exigência em cada uma, em vez de prescindir de alguma inteiramente. “Elas asseguram a melhor combinação de características que podem encontrar num único homem”, escreve Buss em seu estudo. A lição é que os candidatos suficientemente bons podem se transformar nos companheiros ideais. Porque, no amor, perfeição não existe.


Trezentas mulheres cruzaram este sábado a linha da meta do Rallye Aïcha des Gazelles em Essaouira no sudoeste de Marrocos. Sem GPS, sem prémios e só com um mapa nas mãos, o tradicional rali destinado às mulheres, partiu de Paris no passado dia 16 de março e concluiu este domingo a 23ª edição.

“Estamos aqui para viver uma aventura, testar os nossos limites durante oito dias e partilhar momentos intensos com outras mulheres. Isso vale muito mais do que um prémio. É magnífico”, afirmou a francesa Carole Montillet, vencedora da categoria automóveis na última edição.

Em 2011, Montillet contou com a experiente Syndiely Wade do Senegal na sua equipa e venceu a prova. No entanto, este ano a senegalesa, apoiada pela euronews, decidiu lançar-se como piloto ao volante de um Isuzu e triunfou pela primeira vez ao fim de sete participações. Syndiely, filha do ex-presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, ganhou notoriedade pelo seu espírito aventureiro. Depois de ter participado no rali Dakar e do triunfo no rali das Gazelas, Wade manifestou o seu desejo de viajar no espaço.

Elisabete Jacinto foi a única portuguesa do rali e concluiu em 11º a prova de automóveis.




Após dois anos de muita violência, derramamento de sangue, famílias deslocadas e destruição, são poucas as escolas na Síria que se encontram em condições. Segundo a UNICEF, 20% das escolas neste país foram completamente destruídas deixando as crianças sem possibilidade de educação.

Alepo foi palco de alguns dos combates mais ferozes da guerra civil. A UNICEF estima que apenas neste distrito 300 escolas tenham sido danificadas. Mas há quem se recuse a baixar os braços esforçando-se por manter uma certa normalidade incluindo dar educação às crianças. Nour Al-Haq, 30 anos de idade, é professora e decidiu travar a sua própria guerra trazendo as crianças de volta à escola.

Segundo Maria Calivis, diretora regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de África, “a situação é muito grave na medida em que uma crise que dura há 24 meses tem grande impacto no desenvolvimento de uma criança”. A alta responsável da ONU estima que “para os próximos meses é essencial mobilizar pelo menos 5 milhões de dólares para garantir as necessidades mais imediatas que é assegurar a disponibilidade de algumas horas de escola por dia.”



Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O crescente envolvimento com o tráfico de drogas é um dos fatores que provocaram um aumento expressivo no número de apreensões de crianças e adolescentes no estado do Rio. Em 2010, foram apreendidos 2.806 jovens em conflito com a lei, valor que passou para 3.466 em 2011, um crescimento de 23,5% em apenas um ano. O dado consta do Dossiê Criança e Adolescente, lançado hoje (27) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado à Secretaria de Estado de Segurança Pública.

Do total de jovens apreendidos em 2011, 39,9% foram por envolvimento com drogas, sendo que 82,5% deles por tráfico. O segundo motivo foi o roubo, com 18,6% do total, e o furto, correspondente a 12% dos registros. A major Claudia Moraes, uma das coordenadoras do levantamento, disse que o aumento das prisões também está associado à estratégia do tráfico de usar crianças e adolescentes por causa de legislação penal mais branda.

“O fato do adolescente ter um tipo de legislação diferenciada em termos judiciais favorece que criminosos usem isso a seu favor. Até no caso de um roubo, a arma normalmente está em poder de um adolescente. É possível, sim, que haja utilização desse jovem pelos traficantes. É muito triste pensar que uma lei feita para atender a condição especial da criança e do adolescente acabe sendo utilizada de outras formas”, disse a major, que coordenou o trabalho juntamente com o sociólogo Renato Dirk.

O levantamento do ISP também traçou um perfil dos menores apreendidos. Segundo os dados, 78% são pardos ou negros, 71% têm entre 16 e 17 anos e 91,8% são do sexo masculino. Quanto aos locais de moradia, 35,3% são da capital, 18,6% da Baixada Fluminense, 11% da Grande Niterói e 22% do interior do estado. Na capital, 41% são da zona norte, 26,7% da zona oeste, 17,5% do centro e 9,8% da zona sul.

O dossiê mostra ainda que o número de jovens na condição de vítima é muito maior do que na de infratores. Do total pesquisado, 88,5% foram identificados como vítimas de crimes e 11,5% como estando em conflito com a lei. Os quatro delitos que mais vitimizaram os menores foram lesões corporais dolosas, ameaças, lesões corporais culposas e estupros.

Desde o início da série histórica analisada, a partir de 2005, foram vítimas de homicídios dolosos 1.447 jovens até 17 anos completos. Em 2010, foram 191 assassinatos, número que subiu para 189 em 2011. A íntegra do dossiê pode ser acessada na página do ISP na internet (www.isp.rj.gov.br).



Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Festival Internacional Estudantil de Cinema de Barra do Piraí, cidade localizada no sul fluminense, terá sua quarta edição de 7 a 13 de abril, reunindo alunos de 18 escolas do município que participam da mostra local, e de dez escolas do Brasil cujos filmes foram selecionados para participar da competição nacional. Além desses, cinco projetos representando escolas, governos e jovens de várias partes do mundo, serão exibidos na mostra internacional, sem caráter competitivo.

Os filmes serão exibidos ao ar livre, na Praça Nilo Peçanha, no centro da cidade, para que a população também possa votar. O homenageado deste ano é o ator Lázaro Ramos, “por sua trajetória no cinema e na televisão e pelo exemplo que dá aos jovens”. Serão três premiados em cada categoria. Os melhores filmes local e nacional recebem troféu e R$ 2 mil, que poderão ser usados na compra de equipamentos.

Criado em 2010, o festival é o desdobramento do projeto Luz, Câmera, Educação, do Polo Audiovisual local, que leva oficinas de produção cinematográfica para alunos do 6º ano do ensino fundamental do 3º ano do ensino médio das escolas públicas e particulares da cidade. O público estimado nos sete dias do festival alcança em torno de 25 mil pessoas.

Nas oficinas, os estudantes aprendem todo o processo de produção de um filme e, no final, produzem um curta metragem de ficção, cujo tema é de livre escolha dos jovens. Os filmes são produzidos com equipamento de alta resolução (full HD), com apoio de uma produtora profissional de cinema, e vão competir no festival em oito categorias. Cerca de 500 alunos do município participaram das oficinas.

O secretário municipal do Trabalho e Desenvolvimento Econômico de Barra do Piraí, Roberto Monzo, coordenador do evento, informou à Agência Brasil que o objetivo do festival é abrir um espaço de exibição para esses filmes “e, através da competição, estimular o aprimoramento desses jovens e de seus filmes”.

A ferramenta trouxe avanços sociais significativos para os estudantes e a comunidade, disse Monzo. “Temos vários casos aqui de mudança de comportamento dos jovens. Alunos que antes eram problemáticos na escola e passaram a ser líderes do projeto. A escola reconquistou esse aluno, que passou a ser desafiado a exercer sua criatividade e a ser visto e reconhecido por toda a cidade. Tem uma questão de autoestima muito importante”.

Outro componente positivo do festival é que ele contribui para a desinibição dos jovens, e para desenvolver sua capacidade de relacionamento. “Você vê a mudança de comportamento e também a melhora do rendimento escolar, porque isso atrai a atenção do jovem, ele passa a se interessar mais e a olhar a escola com outros olhos”.


Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Despertar a atenção da população para a luta das mães que buscam por seus filhos desaparecidos. Com esse objetivo, um grupo de dezenas de pessoas se reuniu na tarde hoje (30), na Avenida Paulista, em São Paulo, para uma manifestação com cartazes e fotos dos desaparecidos. 

Participaram do protesto os movimentos Mães da Sé, Mães de Luta, Movimento por Justiça e Paz, Fundação Criança de São Bernardo do Campo, entre outros. Os manifestantes colheram assinaturas para que um projeto de lei de iniciativa popular possa ser apresentado ao Congresso Nacional. A proposta, de autoria de Sandra Moreno, que sofre com o desaparecimento de sua filha, pede, entre outras medidas, dados seguros sobre estatísticas de pessoas desaparecidas no país e a atualização do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD). 


A presidenta do Movimento Mães da Sé, Ivanise Esperidião da Silva diz que o principal motivo da manifestação é "chamar a atenção da sociedade para que veja o desaparecimento com um olhar mais atento, nós precisamos disso para que possamos trazer os nossos desaparecidos de volta”. A filha de Ivanise desapareceu há 17 anos. A menina sumiu quando voltava da casa de uma colega, a 120 metros de distância de sua casa. Ivanise diz que a união com outras mães a fez suportar melhor essa dor.


“Quando eu vivia a minha luta isolada, eu cheguei à beira da loucura. Depois que eu me juntei a outras mães, eu fui aprendendo a dividir a minha dor com elas. Hoje, nós não temos só mães, temos pais, filhos que procuram seus pais, parentes. Formamos uma família unida pela mesma dor, a dor da perda, pelo mesmo objetivo, que é encontrar uma resposta do que aconteceu com os nossos desaparecidos”, diz.

Segundo o Movimento Mães da Sé, por ano desaparecem no Brasil 200 mil pessoas, sendo 40 mil crianças e adolescentes. O levantamento da Delegacia de Pessoas Desaparecidas mostra que, em 2012, 1,5 mil crianças e 4 mil adultos permaneceram na lista de desaparecidos. O estado de São Paulo é o responsável pelo maior número de desaparecimentos. Em 2012, foram aproximadamente 19 mil sumiços e, desses, 16 mil foram encontrados. Segundo Ivanise, os desaparecimentos mais frequentes são idosos, portadores de deficiências, doença de Alzheimer e esquizofrenia.


Para tentar auxiliar na busca por pessoas desaparecidas, um grupo de publicitários se uniu e criou um plug-in, que pode ser instalado gratuitamente no site www.missingchildren.com.br. O programa incorpora imagens de desaparecidos ao site de buscas Google.

“Quando você baixa esse programa, todas as buscas de imagens que você faz no Google, independente de qual busca seja, as cinco primeiras imagens mostram crianças desaparecidas. E elas são tiradas do banco de imagens da organização não governamental [ONG] Mães da Sé”, explica um dos criadores, o publicitário Pedro Lazena.

Segundo o publicitário, esse é um projeto piloto, aplicado inicialmente em São Paulo, mas que poderá se estender ao mundo. “Pretende-se que se torne um projeto do Google mundial”, diz. “A gente tem grandes esperanças com esse projeto. Na verdade, não tem como prever o que vai acontecer, mas, na minha opinião, se uma criança for encontrada, já valeu a pena”.


http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-03-30/manifestacao-em-sao-paulo-chama-atencao-para-desaparecimento-de-criancas-e-adultos


Pelo direito ao respeito e à dignidade: medidas de acolhimento por amor

Ao entrar no Lar Nefeshas paredes repletas de desenhos chamam a atenção. A sala tem um clima convidativo. Assim como os outros ambientes da casa, os móveis são coloridos e os brinquedos estão à disposição. Tudo pensado para acolher meninas e meninos vítimas de maus-tratos e violência doméstica.
Durante 12 anos, o diretor do Lar Nefesh, Claudio Pita, e sua mulher, Rosana Pita, realizaram, nas ruas do centro velho de São Paulo, um trabalho para reinserir crianças e adolescentes na sociedade e reaproximá-los de suas famílias. Ao longo desse período, eles perceberam que os meninos e meninas que estavam naquela situação – algumas vezes, já dependentes químicos –, na maioria dos casos, tinham saído de suas casas por terem sofrido algum tipo de violência no núcleo familiar
Em 2002, o casal substituiu o trabalho nas ruas por um novo projeto. Dessa vez, o foco seria a prevenção e a acolhida para evitar que mais crianças caíssem nas ruas. Uma maneira de garantir que elas tivessem os seus direitos preservados, e, ao mesmo tempo, de oferecer orientação para as famílias e possibilitar o retorno ao lar, no menor tempo possível.
Pita conta que cada criança que chega no Lar é recebida com carinho, respeito, e, também, com firmeza, para que tenha conhecimento da situação que vive.  “Desde o momento do acolhimento institucional, a criança recebe boa alimentação, cuidados com a higiene corporal, tratamento da saúde física e psicossocial, educação, lazer, confiança, respeito e noções de cidadania, para conhecer seus direitos e deveres”, disse.
O projeto tem a preocupação de causar o menor impacto possível na vida da criança. Um exemplo deste cuidado é o uso individualizado de roupas e objetos, em conformidade com o previsto nas normas doEstatuto da Criança e do Adolescente – ECA (artigo 17).
Para não comprometer a atenção personalizada, o Lar Nefesh não ultrapassa um certo número de crianças e perfis e se mantém apenas com doações. Segundo Pita, com um posicionamento específico e a metodologia de separação de perfil e faixa etária – salvo os casos de irmãos –, o abrigo consegue resultados mais eficazes e positivos. “Precisamos entender que o trabalho do abrigo é muito importante na vida de cada um que passa por ele, como acolhido. Assim como um tipo de isca não serve para pescar todo tipo de peixe, um abrigo não tem condição de atender todo tipo de demanda de crianças e adolescentes”.
Lar Nefesh também atua com o acompanhamento das famílias, para que elas mantenham um contato regular com a criança abrigada. Quando a família não consegue se reorganizar no período máximo de dois anos, é realizada uma ação em conjunto com a Vara da Infância e Juventude, para que a criança ou adolescente seja inserida em um programa de família substituta ou de adoção.
Um olhar de mãe
Lígia Pereira é mãe de César, Rodrigo, Tatiana, Camila, Sérgio David, Júlia, João Paulo, Vanda, Jéssica e Jussara, Fernanda, Murilo, Matheus, Rita de Cássia, Claudia, Vitório e João Vitor. São 16 filhos, cinco biológicos e 11 adotivos. A educadora social participa do programa Lar Hospedeiro, na cidade de Santa Branca, interior de São Paulo, desde 1997. No entanto, seu envolvimento em questões de defesa dos direitos de crianças e adolescentes faz parte da sua essência e, há anos, também é sua ferramenta de trabalho.
Ao participar do programa de acolhida para crianças em situação familiar de risco, Pereira recebia, da Prefeitura Municipal de Santa Branca, meio salário mínimo e uma cesta básica por mês, independente do número de crianças. A educadora diz que perdeu as contas de quantas crianças passaram pelas suas mãos, ao longo desses anos. Alguns ficaram com ela por dias, outros por meses, mas todos receberam o mesmo tratamento de uma mãe generosa e acolhedora.
Antes da conquista da adoção definitiva de seus 11 filhos, a educadora viveu um longo período de angústia e insegurança. “No começo, vivia a incerteza no dia a dia. Amanhecia sem saber como iria terminar o dia; não sabia se eles estariam aqui para o café ou jantar”, lembra.
Para educar os filhos, Pereira procura se informar sobre reeducação e conta com o companheirismo do marido e com a fé. A mãe também teve que prepará-los para a divisão de pequenas tarefas domésticas e para a convivência. Para ela, é preciso se desdobrar para educar com autoridade, mas sem autoritarismo.
A educadora social atuou durante oito meses em um abrigo, mas não conseguiu dar continuidade. Ela acredita que as instituições sem padrão de atendimento deveriam acabar. “A criança, quando entra no abrigo, fica deslumbrada com aquilo que encontra, porque tem cama e comida. Mas não existe tratamento individualizado”, afirma. Pereira ainda defende que os municípios deveriam investir em lares hospedeiros e humanizar as medidas de acolhimento, que, atualmente, vitimizam muito mais do que projetam.

UNODC e SESI Mato Grosso iniciam projeto de prevenção do uso de álcool e drogas

27 de março de 2013 - A utilização abusiva de substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas, pode trazer grandes prejuízos a vida social e profissional. Distanciamento da família, doenças, alta possibilidade de ocasionar um acidente no trabalho e redução da produtividade são alguns dos problemas que podem surgir com usuários ocasionais de álcool ou entorpecentes. Em Mato Grosso, o Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), lançam neste mês de abril um projeto que pretende ajudar quem lida com esse problema.
O Programa de Prevenção ao Uso de Álcool e Drogas no Trabalho e na Família será voltado para o setor industrial e também para as comunidades onde residem os trabalhadores. As empresas que aderirem ao programa passarão por etapas conduzidas por profissionais da saúde que, por meio do diálogo, envolverão todos os trabalhadores em atividades de prevenção e conscientização. As fases da implantação consistirão em capacitar multiplicadores dentro do ambiente de trabalho e detectar trabalhadores que estão em grupos de riscos e os que já são usuários.
"O grande norteador desse programa será preservar a saúde dos trabalhadores, sem descriminação ou prejuízo a discrição pessoal e ao emprego deles. O intuito é estimular quem passa por esse problema a buscar ajuda espontaneamente e se sentir seguro para enfrentar todas as etapas de recuperação", conta o superintendente do SESI-MT, José Carlos Dorte. O projeto inclui também rodas de terapia comunitária, que pretendem chegar até os bairros onde os trabalhadores mais prejudicados pela dependência moram e promover a partilha de experiências e a transformação de todos.
De acordo com o representante do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC em Brasília, Rafael Franzini, que esteve em Cuiabá na última sexta-feira para apresentar o projeto, esse método de prevenção já foi utilizado com sucesso em empresas no Rio Grande do Sul, além de outros países como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. "Essa iniciativa ajuda o setor privado a enfrentar problemas de caráter social e estende os benefícios para as famílias dos envolvidos e as comunidades", conta ele.
Franzini reforça que a metodologia de prevenção às drogas que será implantada em Mato Grosso em parceria com o SESI-MT tem como base um programa de prevenção desenvolvido com a Organização Mundial do Trabalho e da Organização Mundial da Saúde, que foi implementado pelo UNODC junto ao SESI no Rio Grande do Sul numa parceria criada em 1995. A metodologia também segue um conjunto de diretrizes internacionais para a prevenção ao uso de drogas lançado em março pelo UNODC na última sessão da Comissão de Narcóticos, em Viena.
Conforme explica o presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), Jandir Milan, o Programa de Prevenção ao Uso de Álcool e Drogas no Trabalho e na Família será lançado no mês de abril, terá a duração de 18 meses e implantações piloto em 08 indústrias do Estado. "No Brasil, menos de 5% das empresas tem programas de prevenção. No Rio Grande do Sul, onde esse projeto existe desde 1995, existem resultados surpreendentes como a redução de 5% na proporção de fumantes", reforça. "Com o UNODC, nossa meta é enfrentar esse problema e promover a melhoria na autoestima, na saúde e na qualidade de vida dos nossos trabalhadores", enfatiza Milan.
Para mais informações sobre o Programa de Prevenção ao Uso de Álcool e Drogas no Trabalho e na Família em Mato Grosso, ligue para: (65) 3611 1653.