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sábado, 14 de janeiro de 2017

A violência contra mulheres também é questão de homens

Diretor, produtor e advogado
09/01/2017 
Sim, estou farto de ver homens ferindo mulheres. E, sim, os homens são responsáveis por isso porque fazem parte da corrente atual de masculinidade que permite isso - uma cultura que diz que os homens não podem demonstrar medo, não podem errar e têm direito a exercer poder sobre outros, especialmente sobre mulheres.
Uma cultura que diz aos homens que eles não são autorizados a sentir medo é uma cultura que nega nossa humanidade como homens. E, se não nos permitem ser humanos, nós nos tornamos outra coisa. Os construtos da masculinidade, do que significa ser homem, exercem um papel crucial na elaboração da violência contra as mulheres.
Isso é fato ao nível individual, nas famílias e nos relacionamentos, nas comunidades e nas sociedades como um todo.
Mas essa cultura está errada, e, se não nos esforçarmos ativamente para modificá-la, as mulheres vão continuar a ser feridas. A violência de homens contra mulheres está em toda parte e está se agravando. Para acabar com ela, precisamos de uma forma nova e inclusiva de masculinidade.
O que exatamente pode ser feito para aumentar o número de homens que trabalham para prevenir a violência de gênero? Que estratégias específicas podem motivar homens em número muito maior a participar de um movimento?
Para começar, os homens precisam contestar a violência de outros homens. Eles precisam se esforçar para enfraquecer os apoios sociais e culturais à violência contra mulheres que são evidentes em comunidades em todo o mundo -as normas machistas e que favorecem a violência, os comportamentos de indiferença e as desigualdades de gênero que alimentam a violência contra mulheres.
Ao contestar o conformismo de homens, podemos colocar o ônus de acabar com a violência contra mulheres no lugar devido: sobre os homens que cometem essa violência.
Mais maneiras de reduzir a violência contra mulheres e meninas:
1. Abordar a violência de gênero como uma questão masculina que envolve homens de todas as idades e todas as origens socioeconômicas, raciais e étnicas. Enxergar os homens não apenas como perpetradores ou possíveis infratores, mas como observadores empoderados que podem tentar impedir outros homens de cometer violência.
2. Se um irmão, amigo, colega de classe ou de equipe estiver destratando sua parceira -ou se tratar meninas e mulheres em geral com falta de respeito e violência--, não vire a cara. Se você se sentir à vontade em fazer isso, procure falar com o homem sobre isso. Aconselhe-o a buscar ajuda psicológica. Se não souber o que fazer, consulte um amigo, parente, professor ou psicólogo. Converse com a RAINN. Não fique em silêncio.
3. Tenha a coragem de fazer um exame de consciência. Questione suas próprias atitudes. Não fique na defensiva quando alguma coisa que você faz ou fala acaba ferindo outra pessoa. Procure entender como suas próprias atitudes e ações podem inadvertidamente perpetuar o machismo e a violência e faça um esforço para mudá-las.
4. Se você desconfia que uma mulher que você conhece ou com quem convive está sofrendo violência ou foi sexualmente agredida, pergunte gentilmente se você pode ajudar.
5. Se você mesmo comete ou cometeu no passado violência emocional, psicológica, sexual ou física contra mulheres, procure ajuda profissional agora.
6. Seja aliado das mulheres que lutam para acabar com todas as formas de violência de gênero. Levante fundos para centros de atendimento a vítimas de estupro e a abrigos para mulheres vítimas de violência. Se você pertence a um time ou a um grêmio estudantil, procure organizar um evento para levantar fundos.
7. Reconheça a homofobia e eleve sua voz contra ela. A discriminação e a violência contra lésbicas e gays é inerentemente errada. Esse tipo de violência tem vínculos diretos com o sexismo (por exemplo, é comum que seja questionada a orientação sexual de homens que se manifestam contra o machismo, em uma estratégia consciente ou inconsciente para silenciá-los. Essa é uma razão importante por que poucos homens se manifestam.)
8. Assista a cursos, participe de seminários, assista a filmes sobre mulheres e leia livros e artigos sobre masculinidades multiculturais, desigualdade de gênero e as causas da violência de gênero. Eduque a si mesmo e a outros sobre como as forças sociais mais amplas afetam os conflitos entre homens e mulheres individuais.
9. Não financie o machismo. Recuse-se a comprar qualquer revista, alugar qualquer vídeo, assinar qualquer site ou comprar qualquer música que mostre meninas e mulheres de modo sexualmente degradante. Proteste contra o machismo na mídia.
10. Atue como mentor de meninos para ensinar a eles como ser homens de maneiras que não envolvam degradar ou agredir mulheres. Ofereça-se como voluntário para trabalhar em programas de prevenção da violência de gênero, incluindo programas de combate ao machismo para homens. Lidere pelo exemplo.
A violência contra mulheres é uma questão não apenas de injustiça ou desigualdade, mas também de saúde. A violência exerce impacto importante sobre a saúde e o bem-estar de mulheres - não apenas em termos de ferimentos ou morte precoce, mas também de problemas de saúde mental, incluindo tentativas de suicídio, automutilação, depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, abuso de substâncias e saúde reprodutiva fragilizada. E é tão, tão triste.
É evidente que nem todos os homens cometem violência contra mulheres. Mas todos os homens precisam condenar essa violência. Na medida em que os homens se calam diante da violência de outros homens contra mulheres, eles se tornam não perpetradores, mas perpetuadores, permitindo que essa violência continue.
Assim, os esforços para prevenir a violência contra as mulheres precisam envolver os homens, porque são em grande medida homens que perpetram essa violência.
A violência contra mulheres é um problema de homens. Essa violência fere as mulheres e meninas que os homens amam, dá má fama a todos os homens como eu, é cometida por homens que outros homens conhecem. E ela só vai parar quando a maioria dos homens tomar uma atitude para criar uma cultura em que essa violência seja impensável.
Vamos lançar um movimento de homens que não têm medo de combater a violência contra mulheres!
O envolvimento de homens em um movimento como Mulheres Reais, Histórias Reais é a única maneira que temos para promover transformações sociais duradouras.
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

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