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quinta-feira, 23 de março de 2017

Como trabalhar a igualdade de gênero na sala de aula?

Enquanto a mídia teima em reforçar os estereótipos de gênero e uma cultura machista, mostrando comerciais com mulheres que cuidam da casa, dentre outros exemplos, professores buscam formas de levar o debate para dentro da sala de aula. O educador pode usar notícias e reportagens, recortes de anúncios publicitários e trechos de comerciais, filmes e programas de TV para debater a igualdade de gênero e a violência contra a mulher na sala de aula, adaptando o conteúdo para a faixa etária dos alunos. O relato a seguir vem de uma experiência vivida por uma professora de História de uma escola na Bahia que fez uso de uma história em quadrinhos.
“Aula proveitosa e participativa. Sensação de dever cumprido”, resumiu a educadora Valdiceia Ribeiro ao falar da atividade sobre igualdade de gênero realizada na Escola Municipal Maurina de Oliveira, escola rural situada numa área remanescente de quilombo, em Vila Juazeiro, município de Ibirapuã, no sul da Bahia. Professora de História, ela trabalha com crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos.
Para discutir o assunto, Valdiceia pediu a seus alunos para fazerem um registro de suas atividades cotidianas e numa roda de conversa cada um falaria sobre essas ações. “Durante a socialização minhas suspeitas se confirmaram: as meninas faziam serviços domésticos depois da aula e os meninos reservavam seu tempo ao lazer”, conta Valdiceia.
“Questionei aos garotos o porquê disso e eles responderam que serviços domésticos são coisas de mulher. Passei então a discutir com eles essa questão de gênero, desconstruindo esse pensamento machista. Eles foram muito participativos, foi uma aula bastante proveitosa”, avalia.
Violência contra a mulher
Para falar sobre as várias formas de violência contra a mulher e a cultura do estupro que impera na sociedade, a educadora também usou uma história em quadrinhos do livro “A História e a Formação para a Cidadania no Anos Iniciais do Ensino Fundamental”. As imagens mostram uma situação onde um menino fotografa uma colega de escola e publica nas redes sociais. “Após a análise dos quadrinhos iniciei alguns questionamentos. E finalizei com um debate sobre o tema.”
A divulgação de imagens íntimas é uma realidade entre adolescentes e com frequência é uma forma de violência contra a mulher. Para ajudar outros educadores a debater o tema do machismo, da cultura do estupro, da violência e da igualdade de gênero, Valdiceia fez um plano de aula com sequência didática para ser compartilhado. Veja abaixo.
Plano de aula com sequência didática – Igualdade de gênero e violência contra a mulher
Por Valdiceia Ribeiro – Ibirapuã,  Bahia
O trabalho com a questão de gênero na escola possibilita ao aluno uma visão diferenciada dos papéis sociais difundidos entre a população nas suas várias esferas, exaltando valores como o respeito ao próximo e o tratamento digno livre de qualquer forma de preconceito. Possibilita a análise crítica da ideia socialmente aceita de que deva existir papéis definidos a serem desempenhados entre homens e mulheres.
A violência contra a mulher deve ser discutida em seus vários aspectos, pois, a luta contra o preconceito, os estereótipos de gênero e o tratamento agressivo também é vivenciada no espaço escolar. Mais do que um lugar onde se transmite conteúdos a escola deve oferecer ao aluno as bases para o pleno exercício da cidadania bem como o exercício dos seus direitos e deveres.
A atividade sugerida aborda uma frequente situação de desrespeito e abuso contra a mulher que, por conseguinte, acaba atingindo toda a sociedade composta por indivíduos que se opõem à violência e ao tratamento humilhante e desumano.

TEMA: Violência contra a mulher.
OBJETIVO: Analisar a importância do respeito e adotar atitude de reprovação diante de qualquer abuso cometido contra o outro.
DURAÇÃO: 45 minutos.
MATERIAL: Cópias da história em quadrinhos relacionado ao tema de acordo com o número de alunos.
Passo a Passo:
  1. O professor apresenta à turma a história em quadrinhos.
  2. Por meio de perguntas o professor interpreta, com os alunos, a história em quadrinhos.
  3. O professor associa a história em quadrinhos com a realidade social e propõe novas questões para o debate em sala de aula.
  4. O professor finaliza o debate fazendo um paralelo do assunto discutido com o artigo 19 da Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente*.
Abaixo os  questionamentos sobre a história em quadrinhos:
  1. Onde se passa a história?
  2. Que situação é representada?
  3. Qual foi o objetivo do garoto ao produzir e divulgar as imagens?
  4. Em sua opinião como a colega que teve sua imagem exposta se sentiu?
  5. Que reação demonstraram os outros colegas e os educadores da escola?
  6. O que vocês acham da justificativa dada (“Foi só uma brincadeira”) pelo garoto?
  7. Por que o garoto fotografou a colega às escondidas?
Referência: CAMPOS, Helena Guimarães. A História e a Formação Para a Cidadania Nos anos Iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: Livraria Saraiva, 2012.
Artigo 19 – Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente:
1. Os Estados Partes adotarão todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais apropriadas para proteger a criança contra todas as formas de violência física ou mental, abuso ou tratamento negligente, maus tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, enquanto a criança estiver sob a custódia dos pais, do representante legal ou de qualquer outra pessoa responsável por ela.
2. Essas medidas de proteção deveriam incluir, conforme apropriado, procedimentos eficazes para a elaboração de programas sociais capazes de proporcionar uma assistência adequada à criança e às pessoas encarregadas de seu cuidado, bem como para outras formas de prevenção, para a identificação, notificação, transferência a uma instituição, investigação, tratamento e acompanhamento posterior dos casos acima mencionados de maus tratos à criança e, conforme o caso, para a intervenção judiciária.
Como você acha que a discussão desses temas pode ser feita na sala de aula? Envie sua colaboração para contato@rebrinc.com.br

REBRINC

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