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quarta-feira, 15 de março de 2017

Mulheres ainda enfrentam desigualdade no acesso a empregos e educação, diz ONU

Meninas e mulheres devem ser encorajadas a seguir a carreira que quiserem, afirmou nesta quarta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka. A chefe da agência das Nações Unidas alertou que elas ainda enfrentam desigualdades no acesso a empregos dignos e à educação de qualidade, sobretudo porque gastam mais tempo que os homens em tarefas domésticas.
Mulheres nepalesas. Foto: Banco Mundial/Stephan Bachenheimer
Mulheres nepalesas. Foto: Banco Mundial/Stephan Bachenheimer
Meninas e mulheres devem ser encorajadas a seguir a carreira que quiserem, afirmou nesta quarta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka. A chefe da agência das Nações Unidas alertou que elas ainda enfrentam desigualdades no acesso a empregos dignos e à educação de qualidade, sobretudo porque gastam mais tempo que os homens em tarefas domésticas.
“Queremos construir para as mulheres um mundo do trabalho diferente. Conforme as meninas cresçam, elas devem ser expostas a um vasto leque de carreiras e encorajadas a fazer escolhas que as levem além dos serviços tradicionais e de cuidado, para profissões na indústria, na arte, no serviço público, na agricultura modera e na ciência”, disse Phumzile.
Mulheres passam até 2,5 vezes mais tempo do que os homens cuidando da casa e de parentes, sem receber nada por isso.
“Em muitos casos, essa divisão desigual do trabalho vem às custas do aprendizado dessas mulheres e meninas, de atividades remuneradas, do envolvimento nos esportes ou na liderança de comunidades”, acrescentou a dirigente da agência da ONU.
Para Phumzile, é necessário mudar a forma como crianças são educadas na família, na escola e pelos meios de comunicação. O objetivo deve ser quebrar estereótipos e impedir que os jovens aprendam “que as meninas têm de ser menos, ter menos e sonhar menos que os meninos”.
A chefe da ONU Mulheres lembrou que, no mercado de trabalho, homens ganham em média 23% mais que as mulheres por trabalhos de igual valor. Em certos segmentos populacionais, como negros vivendo nos Estados Unidos, o índice sobre para 40%.
Cobrando mais oportunidades de emprego decente e educação, Phumzile alertou ainda que as disparidades de gênero estão se perpetuando em novos setores. “Atualmente, apenas 18% dos diplomas de graduação em ciências da computação foram concedidos para estudantes mulheres”, afirmou. Apenas 25% da mão de obra das indústrias de tecnologia é feminina.
A dirigente pediu ainda políticas públicas e empresariais para adequar a rotina de trabalho às necessidades de mulheres. Uma recomendação é a instituição da licença trabalhista tanto para mães quanto para pais de recém-nascidos.
Phumzile acrescentou que governos devem estar atentos às vulnerabilidades de mulheres que trabalham no setor informal. “Isso exige implementar políticas macroeconômicas que contribuam para o crescimento inclusivo e acelerem significativamente o progresso para as 770 milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema”.
Em 2017, o tema escolhido pela ONU para lembrar o Dia Internacional é “Mulheres no Mundo do Trabalho em Evolução: Um Planeta 50-50 até 2030”. A data será marcada com eventos na sede da ONU em Nova Iorque, onde especialistas, dirigentes da ONU, representantes dos Estados-membros e celebridades se reunirão para celebrar o empoderamento feminino.

Saúde sexual e reprodutiva

Também por ocasião da data, o diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Babatunde Osotimehin, fez um apelo à comunidade internacional para que garanta o acesso de todas as mulheres a serviços de saúde sexual e reprodutiva.
Entre as consequências da persistente desigualdade entre homens e mulheres, estão graves violações dos direitos humanos, alertou o dirigente.
“Tomemos como exemplo o fato de que, todos os anos, dezenas de milhares de meninas são forçadas a se casar — um terço delas, aproximadamente — antes de completarem 15 anos. Ou que uma em cada três mulheres sofrem violência de gênero. Cerca de 200 milhões de mulheres já passaram pela mutilação genital feminina”, alertou o chefe da agência.
Jovem de Burkina Faso recebe métodos contraceptivos em Burkina Faso. Foto: UNFPA
Jovem de Burkina Faso recebe métodos contraceptivos em Burkina Faso. Foto: UNFPA
Osotimehin lembrou que “há 225 milhões que, mesmo querendo, não conseguem planejar suas vidas reprodutivas”. “Por isso, estão impossibilitadas de decidir se querem ter filhos ou não e quando tê-los”, afirmou.
Para o chefe do UNFPA, “assegurar o acesso universal ao planejamento reprodutivo voluntário significa colocar as mulheres e meninas mais pobres, marginalizadas e excluídas em primeiro plano”. “Mulheres e meninas que podem fazer escolhas e controlar suas vidas reprodutivas são mais propensas a conseguir melhor educação, trabalhos decentes e tomar decisões com liberdade e informação em todos os âmbitos de suas vidas”, frisou.

Mercado de trabalho

A chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Helen Clark, ressaltou que as mulheres têm 50% menos chances que os homens de ter empregos remunerados em tempo integral.
“As mulheres estão super-representadas no trabalho vulnerável e informal, muitas vezes sem proteção social, e são sub-representadas na gestão do setor corporativo, detendo apenas 22% das posições seniores de liderança nas empresas”, afirmou a dirigente em mensagem para o dia.
Clark destacou ainda que, das 173 economias incluídas no relatório de 2016 do Banco Mundial sobre “Mulheres, Negócios e Direito”, ao menos 155 possuem no mínimo uma lei que discrimina mulheres.
“Ainda existem países onde as mulheres não têm o direito de se divorciar, herdar propriedades, possuir ou alugar terras, ou ter acesso a crédito”, criticou. “Chegou a hora de eliminar as barreiras à igualdade de gênero no mundo do trabalho e em todas as outras esferas.”
Menina em sala de aula na Guatemala. Na América Latina e no Caribe, mais de 78% das mulheres com emprego ocupam postos de setores da economia considerados de baixa produtividade. Foto: Banco Mundial/Maria FleischmannMenina em sala de aula na Guatemala. Na América Latina e no Caribe, mais de 78% das mulheres com emprego ocupam postos de setores da economia considerados de baixa produtividade. Foto: Banco Mundial/Maria Fleischmann
Menina em sala de aula na Guatemala. Na América Latina e no Caribe, mais de 78% das mulheres com emprego ocupam postos de setores da economia considerados de baixa produtividade. Foto: Banco Mundial/Maria Fleischmann
Em artigo de opinião publicado para a data mundial, a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, apontou que 78,1% das mulheres empregadas na região atuam em setores definidos como de baixa produtividade. São as áreas da atividade econômica com as piores remunerações, menor contato com novas tecnologias e, em muitos casos, empregos de baixa qualidade.
A chefe do organismo regional lembrou ainda que “uma em cada três mulheres na América Latina e no Caribe ainda não tem uma fonte de renda própria”. “A isso se soma o fato de que 26% das mulheres maiores de 15 anos de idade na região recebem menos de um salário mínimo”, acrescentou.
Para combater a pobreza e a precariedade, Bárcena recomendou “propostas como a renda básica universal ou a regulação e fiscalização do salário mínimo em determinados setores altamente feminizados que hoje não têm amparo legal algum”. Segundo ela, essas “são ferramentas que permitiriam ampliar e melhorar o acesso das mulheres à renda”.

Violência

Em mensagem para o Dia Internacional, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, lembrou que uma em cada três mulheres está sujeita à violência física na esfera privada.
No meio rural, 90% dos estupros ocorrem precisamente quando as mulheres estão em seu caminho para recolher água ou lenha.
“As mulheres devem exercer suas liberdades e ser capazes de fazer as próprias escolhas, controlar os próprios corpos e as próprias vidas, além de participar de decisões que definem o curso da sociedade, da mesma forma que os homens fazem”, disse Bokova.
A dirigente lembrou as palavras da ativista Gloria Steinem, dizendo que “a história da luta das mulheres pela igualdade não pertence a apenas uma feminista nem a uma organização, mas sim aos esforços coletivos de todos os que se preocupam com direitos humanos”.
Neste 8 de março, o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, afirmou que “a violência bárbara contra mulheres e meninas é uma vergonha compartilhada”, da responsabilidade de todos.
“Seja em casa, no local de trabalho ou em prisões, mulheres devem se sentir seguras. Ninguém deveria viver desesperadamente com medo ou em situações de terror”, alertou o dirigente, que se comprometeu a acabar com a violência de gênero e a empoderar mulheres de todo o mundo.

Secretário-geral da ONU também se pronunciou

Em mensagem para a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que “os direitos legais das mulheres — que nunca foram iguais aos dos homens em nenhum continente — estão se esvaindo”.
O dirigente máximo das Nações Unidas afirmou que a desigualdade de gênero tem sido agravada pelo machismo e pela misoginia, erroneamente justificados por valores culturais ou religiosos. “Nestes tempos turbulentos, com o mundo mais imprevisível e caótico, os direitos das meninas e mulheres estão sendo reduzidos, restritos e revertidos”, disse.
Confira na íntegra o pronunciamento do chefe da ONU clicando aqui.

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