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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Nações Unidas participam do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul

27.09.2017
Encontro é um dos principais atos políticos do calendário de mobilização das mulheres Kaiowá e Guarani. Neste ano, reuniu cerca de 300 participantes
Nações Unidas participam do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul/
Lideranças Guarani e Kaiowás fortalecem empoderamento político das mulheres em defesa dos direitos dos povos indígenas
Foto: UNIC Rio/Natália da Luz
A ONU Mulheres Brasil, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil e o Departamento de Segurança da ONU participaram do Kuñangue Aty Guasu, grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani, que aconteceu de 18 a 22 de setembro, no Tekohá Kurusu Amba, no município de Coronel Sapucaia, no estado de Mato Grosso do Sul – divisa entre o Brasil e o Paraguai. O encontro é o principal ato político do calendário de mobilização das mulheres Kaiowá e Guarani. Na sua quinta edição, o Kuñangue Aty Guasu reuniu cerca de 300 participantes.

A presença da ONU no Kuñangue Aty Guasu se deu no contexto de demandas e denúncias dos povos indígenas, enviadas, nos últimos dois anos, ao Gabinete do Coordenador Residente do Sistema ONU no Brasil, ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e à ONU Mulheres. Há cerca de um mês, em reunião na Casa da ONU, as guaranis-kaiowás reiteram a importância da participação de delegação ONU Brasil no Kuñangue Aty Guasu para conhecer in loco a situação de violação de direitos humanos por que passam os povos indígenas em aldeias e áreas de retomada.
Na ocasião, as mulheres indígenas relataram problemas crônicos: fome, miséria, violência, feminicídio, homicídios, desaparecimento de corpos e perseguição. De acordo com as lidernças, as situações comprometem normativas internacionais, a exemplo da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que completou dez anos, neste mês, e já tinham sido identificadas na última missão de relatoria especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, em 2016.
Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil e coordenadora do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil, liderou a delegação da ONU no Aty Kuña. “A presença da ONU Brasil no Aty Kuña expressa o compromisso das Nações Unidas em aprofundar o trabalho com as mulheres indígenas e de elaborar um plano de emergência frente ao agravamento da situação relatada pelas lideranças indígenas”, considerou Gasman.
Nações Unidas participam do Aty Kuña, grande assembleia das mulheres indígenas, em Mato Grosso do Sul/
Nadine Gasman, coordenadora do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil e representante da ONU Mulheres, liderou delegação das Nações Unidas no Kuñangue Aty Guasu
Foto: UNIC Rio/Natália da Luz


No encontro, as guaranis-kaiowás entregaram para a ONU Brasil documento de reivindicação em que destacam: “Nós mulheres, Guarani e Kaiowá, estamos vendo nossas terras sendo devastadas enquanto o que resta para nós são as beiras de rodovias ou as reservas super lotadas para viver com nossas crianças. Por isso, pedimos a demarcação de nossos Tekohas (Terra tradicional sagrada), para vivermos em paz com nossas crianças, em nossas casas, ter o nosso pedacinho de roça, preservar a natureza e assim viver o nosso Teko (modo de ser). Diante de todo este retrocesso que acontece com os direitos do nosso povo, das mulheres indígenas na atual conjuntura política brasileira, viemos através da V Kuñangue Aty Guasu (Assembleia das Mulheres Kaiowa e Guarani), exigir que os nossos direitos sejam respeitados e garantidos”.
Voz das Mulheres Indígenas – A parceria entre as mulheres indígenas e a ONU Mulheres Brasil começou com um projeto de enfrentamento ao tráfico de meninas e mulheres com as mulheres Guarani e Kaiowá. Um dos resultados mais expressivos da parceria ocorreu, em 2015, por meio de consulta a um grupo mais amplo de mulheres indígenas para definir qual seria a demanda prioritária, para além do enfrentamento à violência. A partir disso, a ONU Mulheres expandiu sua atuação com mulheres indígenas e passou a trabalhar com um grupo de multiplicadoras de 22 povos diferentes das cinco regiões do Brasil.
Desde 2015, a ONU Mulheres apoia o projeto Voz das Mulheres Indígenas, voltado ao empoderamento político e a elaboração de pauta comum para incidência política. Apresentado no Acampanhamento Terra Livre de 2016, o documento Pauta Nacional das Mulheres Indígenas destaca seis eixos de atuação:
1. Violação dos direitos das mulheres indígenas – incluindo, mas não se limitando, ao enfrentamento à violência contra a mulher;
2. Empoderamento político e participação política das mulheres indígenas;
3. Direito à saúde, educação e segurança;
4. Empoderamento econômico;
5. Direito à terra e processos de retomada;
6. Conhecimentos tradicionais e diálogo intergeracional.

Realidade documentada – Durante o Kuñangue Aty Guasu, a ONU Brasil produziu documentário para visibilizar as realidades das mulheres indígenas. A produção é realizada pelo Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil em parceira com o Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) e apoio da Embaixada do Canadá. O documentário registrará a história do empoderamento político e de ampliação dos espaços de articulação e participação das mulheres indígenas, destacando como elas estão construindo a sua incidência política no Brasil e no exterior.

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