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sábado, 28 de outubro de 2017

Projeto aproxima gerações para promover empatia

Em ciclo de jogos colaborativos, meninas e mulheres são estimuladas a repensar seus papéis enquanto se descobrem como líderes

por Marina Lopes  26 de outubro de 2017

De um lado da sala, meninas entre 7 e 8 anos que ainda estão descobrindo seus interesses, medos e até mesmo sonhos. Do outro, mulheres na faixa dos 50 anos que estão passando pelo processo de se reinventar. Como uma espécie de quebra-gelo, elas interagem em uma roda e são convidadas a formar duplas. A partir daí, começa mais um encontro do ciclo de jogos colaborativos “As Empatilhaças!”, que acontece na Escola Estadual Henrique Dumont Villares, na zona oeste de São Paulo (SP).


Desenvolvido pelas organizações sociais Carlotas, Actveda e Teatro do Sopro, que trabalham com metodologias que estimulam o desenvolvimento da empatia, o projeto busca aproximar diferentes gerações para que as participantes compartilhem experiências e se reconheçam enquanto protagonistas. Alinhado à projeção etária da população brasileira, que em 2050 será composta majoritariamente por mulheres acima de 60 anos, a iniciativa pretende fazer com que as estudantes desenvolvam um papel de liderança.

“Reunimos mulheres com mais de 50 anos e estudantes de 7 ou 8 anos porque elas estão vivendo um momento de transição de identidade. Muitas vezes, as participantes chegam aqui com a expectativa de cuidar de uma menina, mas acabam percebendo que a atividade também mexe com elas”, explica o empreendedor social canadense Olivier-Hugues Terreault, que é palhaço terapêutico e idealizador da startup Teatro do Sopro.

Em diferentes dinâmicas, que já seguem para o seu sexto encontro, meninas e mulheres usam conceitos de arte, princípios de diálogo e elementos lúdicos da figura do palhaço. Em um dos jogos, por exemplo, as participantes são convidadas a representar diferentes tipos de emoções na frente de um espelho. “Historicamente, não temos o hábito de trabalhar as nossas emoções, mas esse olhar é muito importante. Como vamos lidar com o outro se não conseguimos achar dentro de nós o que ele está sentindo?”, questiona empreendedora social Fabiana Gutierrez, da Carlotas.

Em outro jogo, as participantes precisam montar uma narrativa a partir da construção de um personagem. Junto com a sua dupla, a estudante Julia Vegh, 7, do segundo ano, contou a história do Bobão, um boneco que vestia casaco de palha e estava apaixonado pela Dona Linda. “Essa foi a parte mais legal do dia. A gente desenhou com a nossa amiguinha, e eu achei a minha [dupla] super legal”, diz.

Ao mesmo tempo em que as meninas se identificam com suas respectivas duplas, as mulheres também aprendem com a espontaneidade das estudantes. “Em todas as atividades, elas pareciam estar muito mais tranquilas do que a gente. Eu imaginava que seria ao contrário. Acho que aprendi muito nesses encontros porque tinha uma visão de que as crianças eram agitadas e ansiosas”, avalia a enfermeira Alessandra Figueiredo, 45. “Também percebi que eu tinha muitas coisas em comum com a minha dupla. Os gostos, a sobremesa preferida e até mesmo os medos”, completa.

“As mulheres chegam aos encontros com essa vontade de ajudar, mas durante as atividades também são obrigadas a se olhar. Aí percebemos que acontece uma troca. Elas podem até estar tristes naquele momento, mas também encontram amor e felicidade. Isso cria um ambiente para as mulheres mais velhas de que tudo é possível, e ao mesmo tempo as meninas desenvolvem melhor a sua inteligência emocional”, diz a especialista em autoconhecimento e empreendedora social Renata Mendes, da Actveda.

A professora e participante do projeto Rosemeire Martins, 50, também garante que a interação com as estudantes ajuda a despertar um novo olhar. “É importante colocar para as meninas que o envelhecer não é ruim. Nós podemos continuar sendo pessoas alegres e participativas dentro de uma sociedade.”

Segundo a coordenadora pedagógica de ensino fundamental Nadia Moya, os resultados dos encontros já começam a ser observados no dia a dia da Escola Estadual Henrique Dumont Villares. “As meninas que participam do projeto mudam de postura e atitude. Elas estão mais conscientes do seu papel e se sentem empoderadas porque estão participando de um encontro com senhoras diferenciadas”, conclui.

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